Sócios da 3G: Paulo Lemann; Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira (3G CAPITAL/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 13 de janeiro de 2023 às 09h49.
Última atualização em 14 de janeiro de 2023 às 15h31.
A queda abrupta das ações da Americanas (AMER3) acertou em cheio algumas das maiores fortunas do Brasil. Sócios da 3G Capital, os acionistas da Americanas Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira, e Marcel Telles perderam juntos US$ 600 milhões (R$ 3,24 bilhões pela cotação atual). Tudo isso somente na quinta-feira, 12, quando as ações da companhia despencaram 77%, após a nova administração ter encontrado "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões no balanço empresa.
Jorge Paulo Lemann foi o que mais perdeu, terminando o dia com saldo negativo de US$ 291 milhões (R$ 1,48 bilhão), de acordo com o ranking de bilionários da Bloomberg atualizado diariamente. Sicupira perdeu US$ 186 milhões (R$ 948 milhões) e Marcel Telles, US$ 148 milhões (R$ 754,8 milhões).
Embora expressivas, as perdas tiveram pouco efeito sobre o diversificado portfólio dos sócios da 3G, que se mantêm entre os maiores bilionários do Brasil.
Lemann, o mais rico do país, ainda ostenta uma fortuna de US$ 21,3 bilhões (R$ 108,6 bilhões), que o coloca como o 72ª pessoa com mais dinheiro no mundo. Telles e Sicupira ainda têm fortunas estimadas em US$ 9,83 bilhões (R$ 50,13 bilhões) e US$ 8,27 bilhões (R$ 42,18 bilhões), respectivamente nas posições 2 e 3 entre os mais ricos do Brasil.
Mas não foram apenas os bilionários que perderam dinheiro com a queda das ações da Americanas.A desvalorização dos papéis de uma das mais tradicionais varejistas do país também afetou milhares de pessoas.
Segundo os dados mais recentes da base acionária da companhia, 146.366 investidores tinham ações da empresa. O número é quase o dobro da base de acionistas da Rede D'Or, com valor de mercado equivalente a 25 vezes o que se tornou o da Americanas. Em apenas um dia a empresa perdeu R$ 8,4 bilhões em valor de mercado, que foi reduzido a R$ 2,45 bilhões.
A perda, muito provavelmente, teve efeito ainda maior sobre a carteira de pequenos do que de grandes investidores. Isso porque cerca de 87% dos 3,3 milhões de investidores cadastrados B3 é formado por pessoas com até R$ 10.000 reais em ações. E é justamente esse grupo que tem uma carteira menos diversificada, segundo dados da própria bolsa, com 60% investindo em, no máximo, duas ações -- sendo 45% em apenas uma. A essas pessoas, o efeito da queda, proporcionalmente, foi muito maior.