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Educação: o pior ainda não chegou

Ontem à noite o grupo de ensino Estácio foi o primeiro do setor a publicar seu balanço. Horas antes da divulgação, suas ações caíram 5,5%. Investidores já suspeitavam que, em meio as dificuldades do setor, seria muito difícil que a empresa apresentasse bons números – e eles estavam certos. O lucro divulgado foi de 128,5 […]

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2016 às 22h34.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h12.

Ontem à noite o grupo de ensino Estácio foi o primeiro do setor a publicar seu balanço. Horas antes da divulgação, suas ações caíram 5,5%. Investidores já suspeitavam que, em meio as dificuldades do setor, seria muito difícil que a empresa apresentasse bons números – e eles estavam certos.

O lucro divulgado foi de 128,5 milhões de reais, uma queda de 1,6% na comparação anual. Analistas consultados pela agência de notícias Reuters estimavam um lucro de 141 milhões de reais.

O resultado fraco foi atribuído a custos extras, principalmente com publicidade. As despesas com marketing subiram 73% para 66 milhões de reais. Tudo isso para tentar crescer em um cenário que só piora.

Em 2015, o problema das educacionais foi, principalmente, o atraso nos pagamentos do Ministério da Educação referente ao Fies. Este ano, das 250.000 vagas ofertadas pelo sistema de financiamento do governo, 115.000 não foram preenchidas. Isso porque o governo adotou regras mais rígidas: priorizou vagas para a formação de professores, saúde e engenharias e limitou o financiamento para alunos com renda familiar de até 2,5 salários mínimos e 450 pontos no Enem. Para tentar preencher o que sobrou, algumas regras foram alteradas na semana passada. Mesmo assim, as empresas não estão muito otimistas.

“O governo não mudou o principal, que era a renda mínima, que continua de 2,5 salários, com isso cerca de 40% das vagas que ainda não foram ocupadas devem continuar sem interessados”, diz um executivo do setor. Ele alerta, porém, que o principal desafio das educacionais, não é mais o Fies e sim a crise do país, que parece longe do fim.

O Fundo Monetário Internacional projeta que o desemprego no Brasil subirá dos 6,8% em 2015 para 10,2% da população brasileira até 2017. A lógica é velha conhecida: sem emprego, o brasileiro não tem de onde tirar dinheiro para investir em educação. Nas prévias do primeiro trimestre, o grupo Ânima disse que a captação de novos alunos na graduação presencial – o carro-chefe das empresas – caiu 24%, na Ser Educacional a queda foi de 12% e na Kroton, 9%.

Ontem, a Estácio divulgou uma alta de 1,9% no número de novos alunos na graduação presencial, foram 113.000 – sendo a única do setor a apresentar crescimento. Mas, cresceu também o medo de calotes. A empresa anunciou que a provisão para devedores duvidosos subiu 55%, para 24,2 milhões de reais no trimestre. “A nossa evasão deve aumentar e isso nos preocupa. Mesmo assim, acredito que levamos vantagem em relação aos concorrentes e devemos apresentar o momento para fazer aquisições no mercado”, diz Virgilio Gibbon, diretor financeiro e de relações com investidores da Estácio em entrevista a EXAME.

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