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É o fim? Kodak diz que pode fechar as portas após 133 anos e ações desabam mais de 25%

Com dívida de US$ 500 milhões e sem liquidez suficiente, fabricante de câmeras e filmes tenta reestruturar negócios e evitar nova crise

Kodak: empresa enfrenta incertezas financeiras e estuda ampliar atuação no setor farmacêutico (Steve Marcus/Reuters)

Kodak: empresa enfrenta incertezas financeiras e estuda ampliar atuação no setor farmacêutico (Steve Marcus/Reuters)

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 08h49.

A Kodak, empresa centenária que se tornou sinônimo de fotografia no mundo, acendeu um alerta para sua sobrevivência. No balanço divulgado nesta segunda-feira, 11, a companhia afirmou que não possui “financiamento garantido ou liquidez disponível” para arcar com cerca de US$ 500 milhões em obrigações de dívida que vencem em breve.

Segundo documento enviado a investidores, as condições atuais “levantam dúvidas substanciais” sobre a capacidade de a empresa continuar operando.

Para tentar preservar caixa, a Kodak anunciou que vai interromper pagamentos de seu plano de pensão de aposentadoria.

A fabricante disse ainda que não espera impacto relevante das tarifas comerciais sobre seus negócios, já que muitos de seus produtos, como câmeras, tintas e filmes, são fabricados nos Estados Unidos.

Apesar das dificuldades, o CEO Jim Continenza afirmou no comunicado de resultados que, no segundo trimestre, a empresa “continuou avançando em seu plano de longo prazo” mesmo diante de um ambiente de negócios incerto.

Em resposta à CNN americana, um porta-voz afirmou que a Kodak está “confiante” de que quitará uma parte significativa de seu empréstimo antes do vencimento. A empresa também planeja adotar medidas como prorrogar prazos, refinanciar a dívida remanescente e ajustar as obrigações ligadas às ações preferenciais.

O mercado reagiu mal: as ações da Kodak chegaram a cair mais de 25% no pregão de terça-feira e fecharam com queda de 19.91%. Nesta manhã, no pré-mercado, os papéis operam com baixa de 0.92%.

Queda da gigante de fotografia

Fundada oficialmente em 1892, mas com raízes que remontam a 1879, quando George Eastman obteve sua primeira patente para uma máquina de revestimento de chapas, a Kodak revolucionou o acesso à fotografia com a venda de sua primeira câmera em 1888, ao preço de US$ 25, acompanhada do slogan “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”.

Durante o auge, nos anos 1970, a companhia chegou a deter 90% do mercado de filmes e 85% do de câmeras nos Estados Unidos. Curiosamente, foi a própria Kodak que criou a primeira câmera digital, em 1975, mas não soube aproveitar a transição tecnológica. Em 2012, entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas de US$ 6,75 bilhões e cerca de 100 mil credores.

Em 2020, a Kodak viveu um pico de valorização após o governo dos EUA anunciar planos para que a empresa produzisse ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) durante a pandemia, reduzindo a dependência externa desses insumos.

Atualmente, a empresa segue fabricando filmes fotográficos e produtos químicos para clientes corporativos, licenciando sua marca para itens de consumo e buscando ampliar, ainda de forma limitada, sua atuação no setor farmacêutico.

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