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É hora de começar a se preocupar de fato, diz gestor

A demanda por títulos do Tesouro dos EUA continuou alta, e os rendimentos dos títulos de 30 e 10 anos caíram para um novo recorde

Bolsas: a velocidade da reprecificação do mercado obviamente foi drástica, disse Mike Riddell (Aly Song/Reuters/Reuters)

Bolsas: a velocidade da reprecificação do mercado obviamente foi drástica, disse Mike Riddell (Aly Song/Reuters/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 7 de março de 2020 às 07h45.

Última atualização em 7 de março de 2020 às 07h45.

(Bloomberg) -- Os mercados não estão preparados para a gravidade das consequências da propagação global do coronavírus, e a turbulência apenas começou, segundo um gestor cujo portfólio mostra desempenho superior ao de seus pares. O alerta foi feito por Mike Riddell, gestor da Allianz Global Investors, que administra US$ 4,7 bilhões para a empresa.

“A velocidade da reprecificação do mercado obviamente foi drástica, no entanto, os mercados passaram de não precificar risco algum para um risco moderado”, disse Riddell em entrevista por telefone. “Onde achamos que os mercados ainda podem se mover é na volatilidade.”

O Strategic Bond Fund de Riddell, que ele administra com Kacper Brzezniak, superou 98% de seus pares no mês passado, quando os mercados tiveram de lidar com rendimentos de títulos em recordes de baixa, perdas nos mercados acionários, maior volatilidade do mercado de câmbio e reduções dos juros inesperadas de bancos centrais, como o corte de emergência do Federal Reserve. A demanda por títulos do Tesouro dos EUA continuou alta na sexta-feira, e os rendimentos dos títulos de 30 e 10 anos caíram para um novo recorde.

O gestor da Allianz, com sede em Londres, já se preparava para uma oscilação dos mercados há alguns meses e acha que a recente precificação ainda é muito moderada. Ele usa opções para apostar em mais oscilações cambiais e também se posicionou para uma queda liderada pelos rendimentos de curto prazo nos EUA, pois vê chance significativa de o Fed reduzir as taxas de juros para quase zero.

“Se os dados globais realmente piorarem nas próximas semanas e meses, investidores perceberão que os bancos centrais não podem curar o coronavírus, e mercados como moedas e títulos corporativos ainda podem passar por uma correção”, disse Riddell.

A volatilidade implícita de um ano do euro-dólar, que subiu no final de fevereiro para o nível mais alto desde meados de 2019, recuou no início desta semana. No entanto, o indicador subiu na sexta-feira para níveis acima da média do ano passado, em torno de 6%. Riddell disse que o posicionamento para maiores oscilações cambiais por meio de opções estava incrivelmente barato em janeiro.

Embora o gestor tenha reduzido algumas dessas apostas, coma a visão de que a zona do euro já está em recessão, ele espera que a volatilidade cambial seja “duas vezes maior” caso a situação piore. Apesar dos rendimentos dos títulos dos EUA e do Reino Unido estarem perto de um recorde de baixa, Riddell não vê isso como piso e tem uma “grande” posição em “inclinadores” de curvas dos EUA por meio de swaps e futuros.

“Mesmo que não fiquemos histéricos sobre o impacto do vírus na saúde, isso não significa que o mercado e o impacto econômico ficarão restritos”, afirmou.

“É a quarentena e essencialmente a paralisação de grandes partes da economia global que causam danos significativos ao mercado econômico e financeiro”, disse Riddell. “Minha tese básica é que as coisas vão piorar muito a partir de agora.”

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