Mercados

E agora, Petrobras? O que esperar da ação após o reajuste

Aumento de 6,6% para gasolina e 5,4% no diesel veio abaixo do esperado pelo mercado


	Os dois lados da Petrobras: Dilma preocupada com a inflação e Foster tentando arrumar a casa
 (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Os dois lados da Petrobras: Dilma preocupada com a inflação e Foster tentando arrumar a casa (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 12h21.

São Paulo – A Petrobras (PETR3; PETR4) frustrou o mercado com um reajuste abaixo do esperado do mercado para os preços da gasolina e do diesel. Os investidores, que aguardavam o anúncio desde setembro de 2012, tiveram que engolir um aumento de 6,6% para a gasolina e de 5,4% para o diesel.

As expectativas chegavam a 10% para a gasolina. Para alguns, o aumento das projeções para a inflação pesou na hora de o governo decidir o percentual e é insuficiente para melhorar os “fracos” fundamentos da companhia.

“O mercado esperava por um aumento nos preços desde setembro do ano passado e, quando este finalmente se materializa, o aumento se revela aquém das expectativas”, afirmam Paula Kovarsky e Diego Mendes, analistas do Itaú BBA, em relatório. “Apesar dos esforços da nova CEO para melhorar a lucratividade, o acionista controlador permanece o mesmo”, ressaltam.

"Com este aumento, a relação preço/lucro da Petrobras continua acima do observado entre as grandes empresas do setor em outros países. Além disso, a relação dívida/capital deve continuar aumentando e se aproximar de 35% ao final do ano, nível considerado elevado pela própria empresa", comparam os analistas Pedro Medeiros e Fernando Valle, analistas do Citi.

Reação

As ações ordinárias da Petrobras atingiram, na mínima do dia, uma queda de 4,3%. As preferenciais chegaram a recuar 4%. O desempenho pressiona o Ibovespa, que opera em baixa de aproximadamente 1% nesta quarta-feira.

“Esperamos que os investidores reduzam as posições”, ressalta Marcus Sequeira, analista do Deutsche Bank, em relatório. Ele ressalta que a notícia é positiva porque significa um aumento da geração de caixa, mas que não cobre as perdas passadas e não traz os números da área de refino de volta ao campo positivo. “O aumento de preços menor do que o esperado possivelmente irá intensificar o sentimento negativo em relação à intervenção do governo na Petrobras e ao desempenho da ação”, reforça o Itaú BBA.


"Esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da Companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo", disse a Petrobras em uma nota publicada ontem. “Este aumento nos preços não fecha a diferença entre os preços internacionais e locais, que estimamos em 25% para ambos os produtos atualmente”, calcula Oswaldo Telles, analista do Banco do Espírito Santo (BES), em relatório.

Mão do governo

Para o mercado, o governo optou por manter a cautela devido ao recente aumento nas expectativas de inflação.

“O mercado esperava que o corte nas tarifas de energia abrisse espaço para um aumento maior nos preços dos derivados de petróleo, porém outros componentes do índice de inflação aparentemente limitaram o aumento”, argumenta o Itaú BBA.

Segundo o relatório Focus do Banco Central, os economistas têm aumentado as estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor-Amplo) de 2013 há quatro semanas consecutivas, que saltaram de 5,49% para 5,67%. “Com os dados desencorajadores da inflação, o mercado deve se tornar cético sobre a possibilidade de um novo aumento de preços no médio prazo”, ressalta Sequeira, do Deutsche Bank.

O que esperar

Sem a expectativa de novos reajustes adiante, a análise das decisões da administração da nova presidente, Maria das Graças Foster, será determinante para o desempenho futuro das ações da estatal.


Para Christian Audi, analista da Santander Corretora, a espera agora é por novos anúncios de vendas de ativos, corte de dividendos ou redução de investimentos, “para que ocorra uma melhora nos fundamentos da companhia e evite problemas no fluxo de caixa futuro”, explica.

O BES, um dos mais otimistas com a nova gestão, espera uma melhora no baixo crescimento da produção e das “inaceitavelmente” baixas margens.

“Depois de quase dois anos estagnada, a produção atingiu um fundo em setembro de 2012, e tem vindo a recuperar fortemente desde então”, ressalta o banco, que já estima um avanço dos resultados no primeiro trimestre de 2013. 

“Com tudo isso, acreditamos que estão reunidas as condições para uma reavaliação do preço das ações”, explica o BES.

O Deutsche Bank destaca que o anúncio do programa de investimentos será o próximo grande evento. “Isso poderá ser um evento positivo, mas caso os investimentos caiam”, pondera Sequeira.

Acompanhe tudo sobre:Análises fundamentalistasB3bolsas-de-valoresCapitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoMercado financeiroPETR4PetrobrasPetróleo

Mais de Mercados

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol

JBS anuncia plano de investimento de US$ 2,5 bilhões na Nigéria