Cerimônia de estreia da Dotz na B3, no fim de maio | Foto: Cauê Diniz/Exame (Caue Diniz/B3/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 12 de julho de 2021 às 12h16.
Última atualização em 12 de julho de 2021 às 22h17.
A ação da Dotz (DOTZ3), empresa com uma plataforma digital que une fidelidade, marketplace e serviços financeiros, foi um dos destaques da B3 nesta segunda-feira, 12 de julho. A cotação disparou 15,86%, para 16 reais.
A forte alta ocorreu depois que o ativo recebeu recomendações de compra de analistas do Credit Suisse, do Itaú BBA e BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
O BBA e o Credit Suisse estabeleceram preço-alvo de 22 reais, representando um potencial de alta (upside) de 59% em relação ao preço do fechamento da quinta-feira. Já o BTG avaliou um upside ligeiramente menor, de 44,8%, com preço-alvo de 20 reais. Nos três casos, mesmo com a alta expressiva nesta segunda, ainda há potencial de alta.
“Acreditamos que a empresa está prestes a se tornar um dos principais superapps do mercado brasileiro. Em nossa opinião, ser uma empresa líder no mercado de fidelidade dá à Dotz vantagens competitivas que são essenciais para um superaplicativo de sucesso, como uma grande base de usuários, baixo custo de aquisição de clientes (CAC) e saques automáticos”, afirmam em relatório analistas do Credit Suisse.
Desde a estreia da Dotz na B3, no fim de maio, as ações da companhia já vinham de alta de 4,65%. Na época da oferta, a empresa havia informado que os R$ 391 milhões obtidos com a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) com esforços restritos seriam utilizados em potenciais aquisições e ampliação dos negócios de fidelização, marketplace e techfin. Em setembro do ano passado, a empresa lançou seu superapp agregando as três frentes da companhia.
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A plataforma, segundo o Credit Suisse, deve ser o principal motor de crescimento da companhia. “O aplicativo deve impulsionar seu volume bruto de mercadoria (GMV) do marketplace e a adoção de produtos techfin (por exemplo, cartões e empréstimos). A maioria de seus super usuários deve vir de sua base de fidelidade com um CAC baixo, permitindo que Dotz se posicione como a carteira para as classes B e C”, avaliam em relatório.
Para o BTG Pactual (BPAC11), a frente de fidelização deve funcionar para atrair novos clientes e gerar dados, com o marketplace e a techfin se tornando as principais fontes de receita da empresa. “[As novas verticais,] por estarem ligadas ao negócio de fidelização, devem aumentar a emissão de pontos, potencializando o engajamento e gerando mais dados, o que acaba por fortalecer o ecossistema”, pontuam em relatório.
Segundo o banco, parcerias estratégicas com a Vivo (VIVT3), o Banco do Brasil (BBAS3) e, principalmente, com o Ant Group (o braço financeiro do Alibaba) aumentaram drasticamente as chances de sucesso da empresa.
“A Ant parece estar realmente apostando na Dotz como sua exposição à América Latina, o que aumenta a confiança no investimento, tendo em vista que a empresa é benchmark global em superapp. A equipe do Ant também deve ajudar a Dotz em comitês estratégicos, que devem ajudar no desenvolvimento da vertical techfin, algo que fizeram muito bem [na China].”
Analistas do Itaú BBA também ressaltam o potencial de crescimento que a Dotz tem por meio de parcerias com supermercados regionais, tendo em vista a maior facilidade de recorrerem à empresa para criar programas de fidelidade.
"Há muito espaço para a Dotz agregar parceiros e aumentar a quantidade de vendas sob sua influência, já que os supermercados regionais representam uma parcela muito significativa do setor. Sempre que houver novos parceiros, haverá novos usuários", dizem em relatório.
Para o Credit Suisse, as ações da Dotz estão em linha com as de outras empresas de tecnologia do Brasil, mas com descontos “significativos” em relação a outras companhias com superapp.
Como comparação, os analistas utilizam a métrica EV/Sales, que no caso da Dotz é de 6x. PagSeguro, Mercado Livre, Méliuz (CASH3) e Banco Inter (BIDI11) têm respectivamente EV/Sales de 10x,12x, 27x e 29x, afirmam em relatório.
“A Dotz provavelmente usará os recursos do IPO para impulsionar os investimentos em áreas de desenvolvimentos e em marketing, portanto, não esperamos ver lucros até 2023”, comentam os analistas Credit Suisse.
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