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Dono da JJ Invest é condenado a 3 anos de prisão por golpe de R$ 170 mi

Jonas Jaimovick aplicou golpe contra 3.000 clientes, mas responderá em liberdade graças a uma decisão do juiz para substituir a pena

Perdas causadas por fraudes com gestora clandestina podem ter chegado a 170 milhões de reais (Reprodução/Thinkstock)

Perdas causadas por fraudes com gestora clandestina podem ter chegado a 170 milhões de reais (Reprodução/Thinkstock)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de maio de 2021 às 19h33.

Última atualização em 14 de maio de 2021 às 21h12.

Jonas Jaimovick, que aplicou golpe financeiro multimilionário em milhares de investidores por meio da gestora fraudulenta JJ Invest, foi condenado, na quinta-feira, 13 de maio, a três anos de prisão pela Justiça Federal do Rio. Mas o juiz Ian Legay Vermelho, da 2ª Vara Federal Criminal, determinou a substituição da pena pelo pagamento de 15 salários-mínimos a instituições beneficentes e prestação de serviço comunitário.

Assim, Jaimovick será solto e recorrerá em liberdade.

O dono da JJ Invest estava preso há mais de seis meses, após ter se entregado à Polícia Civil do Rio. Antes, o empresário havia ficado foragido por quase dois anos, depois da descoberta que sua empresa era investigada pela Polícia Federal e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que levou a uma corrida de pedidos de resgate por clientes.

A advogada Rosane Garcia, que defende Jaimovick, afirmou que o empresário deveria ser solto ainda nesta sexta-feira, 14 de maio. Ele está preso em Bangu 8.

Juiz vê ‘avidez’ nos clientes

O empresário foi condenado por dois crimes: operar entidade financeira clandestina e ter emitido valor mobiliário -- neste caso, entendeu-se que o contrato de investimento oferecido pela JJ Invest seria um valor mobiliário -- falso e sem autorização. As penas poderiam chegar a 12 anos de prisão, mas a Justiça levou em conta supostos atenuantes, como o fato de Jaimovick ter confessado o crime.

“Verifico que o crime imputado foi praticado sem violência ou grave ameaça e, sendo assim, o réu preenche os requisitos que autorizam sua substituição”, justificou o magistrado em sua sentença.

A defesa de Jaimovick vai recorrer da decisão.

Em sua sentença, o juiz Legay Vermelho observou que os próprios clientes da JJ Invest foram negligentes na hora de avaliar a legalidade da gestora fraudulenta, o que teria sido motivado, segundo o magistrado, por “grau considerável e reprovável de avidez.“

“O comportamento das vítimas milita em favor do réu, visto que a rentabilidade por ele prometida é evidentemente acima daquela obtida nas opções de investimento conhecidas e acessíveis ao grande público (…). É dizer, diante do fabuloso retorno prometido [em torno de 10% ao mês!], somente um grau considerável e reprovável de avidez redundaria na entrega de recursos a Jonas Jaimovick, sem que antes fosse realizada uma avaliação mínima acerca da regularidade da empresa ou consistência no destino dos valores aportados, ou seja, às cegas”, escreveu Legay Vermelho.

Outros processos e investigações

Embora esteja livre para deixar a cadeia, Jaimovick ainda é investigado em outros inquéritos da Polícia Federal por crimes como gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação de valores pertencentes à instituição financeira e fraude contra investidores. Essas investigações podem resultar em novos processos e condenações.

Além disso, ele responde a 216 processos cíveis, movidos por clientes que tiveram prejuízo no esquema.

Estima-se que a gestora clandestina JJ Invest teria desaparecido com 170 milhões de reais de pelo menos 3.000 credores, mas nem a Justiça sabe ao certo se essas cifras procedem. Em depoimento, Jaimovick também não soube dizer ao certo quanto causou em prejuízos, mas estimou que o valor fique entre 70 milhões e 120 milhões de reais.

Ele sustentou que não ficou com o dinheiro, que teria sido inteiramente gasto com ressarcimento a clientes insatisfeitos e perdas na bolsa.

A Justiça não encontrou os recursos em contas bancárias vinculadas a Jaimovick e à JJ Invest. E não identificou bens substanciais em seus nomes.

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