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Dona de 6,5 mil postos, Ipiranga, do grupo Ultra, tem plano para ir além dos combustíveis

Com nova marca e posicionamento, a rede quer fazer parte da transição energética, diz CEO

 (Carsten Horst/ Divulgação/Site Exame)

(Carsten Horst/ Divulgação/Site Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 9 de março de 2023 às 17h12.

Última atualização em 9 de março de 2023 às 18h24.

Pode soar estranho, mas essa é aposta da Ipiranga, rede com nada menos que 6,5 mil postos de gasolina, do grupo Ultra (UGPA3): participar da transição energética do Brasil. Como e por que um lugar que vende gasolina vai fazer isso?

"A transição energética vai acontecer e é, também, muito claro que o que teremos é um modelo de energia diverso. O posto é um ponto para atender a mobilidade das pessoas. Nosso papel é entender que essa transição acontece, participar da discussão e ajustar a empresa para estar preparada para ser parte dela", conta Leonardo Linden, CEO da Ipiranga, em entrevista à EXAME Invest.

Não se trata apenas dos carros movidos a energia elétrica, para os quais cada vez mais postos da empresa terão pontos de recarga, mas especialmente do crescimento dos biocombustíveis na matriz energética. "A transição para o Brasil vai ter pegada diferente, pela força do país nos biocombustíveis, dos quais somos um dos maiores distribuidores do país", explica Linden.

Na quarta-feira, 8, a companhia apresentou a donos de postos, fornecedores e parceiros, sua nova marca. A renovação foi para além do layout e da identificação visual. Também vai fortalecer a oferta, por exemplo, de recarga para carros elétricos, e que consolida o espaço do posto como algo além do abastecimento de combustível e mais integrado à jornada do consumidor. Um exemplo: vai ter estruturas com mobiliário para convívio social e água para pets para quem vai às lojas AmPm.

Toda essa mudança, contam Linden e a vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios, Bárbara Miranda, faz parte da transformação da empresa para retomar o crescimento. "Estamos num processo de transformação da companhia, de resgate da essência e de retornar à jornada de crescimento. Parte dessa história era dar revisitada na marca, que era de 1996", explica Linden.

Em 2022, a Ipiranga voltou à sua trajetória de rentabilidade. O Ebitda (lucro líquido antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da divisão cresceu 47%, para R$ 3,07 bilhões. O grupo Ultra, seu controlador, viu o lucro líquido do período saltar 111,7%.

Agora, a grande expectativa está justamente na nova marca, projeto que foi desenvolvido ao longo de dois anos e que se casa à perspectiva da companhia de investir R$ 1,3 bilhão ao longo de 2023, com cerca de 40% indo para a rede de postos. "A infraestrutura que colocamos no nosso negócio está preparada para esse momento", diz Linden.

"Tivemos um ano de 2022 de recuperação importante e o investimento é consequência do conforto que vamos tendo conforme conseguimos fazer a companhia responder melhor aos estímulos do mercado", diz o executivo afastando a possibilidade de os juros frearem os aportes.

"Uma mudança dessa envergadura é perene. É uma mudança mais estratégica do que tática", conta Miranda, destacando que a transformação da marca não vem pelo contexto econômico e, sim, pelo entendimento da empresa do que vai ser o futuro do setor.

"Essa mudança toda que estamos fazendo de marca vem acompanhada de investimento em comunicação na qual ganhamos muita inteligência de dados sobre cada real investido quanto volta", acrescenta a executiva. Por análise de dados é possível entender a alavancagem de investimentos. "Trabalhamos com margem apertada, mas o volume é muito alto. Então conseguimos definir o equilíbrio".

O processo de conversão da identidade visual dos 6,5 mil postos será gradual, explica a empresa. Mas parte do objetivo das mudanças era deixar os custos mais baixos para o dono do posto, que é um franqueado. Um exemplo: com projeto de uso de energia renovável, o novo modelo de posto tende a reduzir em 18% a conta de luz, um dos principais custos de um posto de gasolina, segundo a empresa.

Olhar a mais para o varejo

As lojas de conveniência AmPm ganham ainda mais destaque nesse novo posicionamento da empresa. "O momento de compra do consumidor não é exatamente o mesmo. Ele pode ir só abastecer ou só comprar algo na loja, mas o posto é o mesmo", argumenta Linden, destacando que os 6,5 mil postos são pontos de varejo relevantes.

"Nossa prioridade é ter uma franquia muito robusta para o revendedor, com a ideia de posto completo", afirma destacando que hoje são 1,6 mil lojas, podendo, por exemplo, chegar ao total de 6,5 mil postos."Estamos trabalhando para qualificar aquilo que já temos, com mix e serviço correto. Só aí já tem valor, quando ajusto aquilo que já temos, já tenho potencial de crescimento, além da expansão" , acrescenta Miranda.

A companhia também quer avançar nas suas plataformas digitais, em especial à plataforma Conecta, que integra o sistema do posto com ao sistemas de produtos e serviços da Ipiranga. "Cada vez mais essas duas coisas devem se conectar e darmos ao consumidor uma jornada mais integrada desde casa até o posto". Por exemplo, nos serviços Jet Oil o atendente consegue ler a placa do carro com um tablet e identificar quando o óleo do carro foi trocado por último.

 

 

 

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