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Dólar fecha em leve queda com alívio externo e movimentação pró-reformas no Brasil

Indicações do Fed, banco central norte-americano, foram somadas à declarações internas em defesa do teto de gastos

Dólar caiu cerca de 15% em relação ao real no primeiro trimestre de 2022, para surpresa da maior parte do mercado (Lee Jae-Won/Reuters)

Dólar caiu cerca de 15% em relação ao real no primeiro trimestre de 2022, para surpresa da maior parte do mercado (Lee Jae-Won/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 14h30.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 17h13.

(Reuters) - O dólar encerrou o dia em queda ante o real nesta terça-feira, 23, influenciado tanto pela melhora de sinal nos ativos externos quando por indicações de debates sobre reformas no Brasil. O movimento acontece um dia depois do choque nos mercados por receios de uma guinada do governo a uma direção mais populista -- na máxima intradia da véspera a moeda americana superou os 5,50 reais.

O dólar encerrou o dia em queda de 0,21%, a 5,442 reais, depois de subir 0,55% na máxima do dia. A alta foi marcada pouco antes de meio-dia, horário em que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), iniciou depoimento ao Comitê Bancário do Senado dos EUA.

Segundo Powell, os juros do Fed permanecerão baixos e a compra de títulos continuará "pelo menos no ritmo atual até que façamos um progresso substancial em direção aos nossos objetivos, o que não temos realmente feito".

Após as declarações iniciais do presidente do Fed, os yields dos Treasuries perderam força, reduzindo o diferencial de juros a favor do dólar -- tirando atratividade da moeda norte-americana e, por tabela, aumentando o interesse por ativos mais arriscados, como moedas emergentes e ações.

A divisa chegou a cair 0,85% na mínima do dia, quando foi negociada a 5,4089 reais, mas os investidores continuam cauteloso com o futuro da agenda liberal após entendimento de ingerência do governo em estatais.

O mercado vem de uma sessão de forte pressão, depois de declarações do presidente Jair Bolsonaro e sua decisão de trocar o comando da Petrobras alimentarem rumores sobre uma guinada na política econômica e temores sobre como Guedes --ainda visto como fiador da agenda de reformas econômicas e de equilíbrio fiscal-- reagiria às mudanças.

Em resposta ao um apoiador, Bolsonaro disse nesta terça que "tem muita coisa errada" na Petrobras e que o indicado para ser o novo presidente da estatal, o general reformado Joaquim Silva e Luna, irá "dar uma arrumada" na empresa.

Ainda assim, parte do alívio no câmbio também se deu com o noticiário doméstico, em meio a declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre defesa do teto de gastos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou participação em evento virtual para se reunir com Lira.

"Lira falou muito bem. Parecia até o Paulo Guedes, só que político", disse um gestor.

 

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