O dólar à vista recuou 0,61%, a R$ 5,3915, menor valor desde 1º de outubro de 2021 | Foto: Craig Hastings/ Getty Images (Craig Hastings/Getty Images)
Reuters
Publicado em 28 de janeiro de 2022 às 18h43.
Última atualização em 28 de janeiro de 2022 às 19h52.
O dólar voltou a cair e fechou no menor patamar em quase quatro meses nesta sexta-feira, 28, abaixo da linha psicológica de R$ 5,40, com a estabilização dos mercados globais e uma recuperação de Wall Street no fim do dia abrindo caminho para mais demanda por risco e vendas da moeda americana.
O dólar à vista recuou 0,61%, a R$ 5,3915, menor valor desde 1º de outubro de 2021 (R$ 5,3696).
A moeda engatou ainda a terceira semana de perdas, com baixa de 1,22%. No ano, a desvalorização é de 4,27%.
Faltando apenas um pregão para encerramento de janeiro, o dólar acumula declínio de 3,27% no mês. Nesse ritmo, a cotação caminha para registrar a maior queda mensal desde junho de 2021 (-4,77%) e a maior baixa para janeiro desde 2019 (-5,57%).
O dia começou no Brasil com notícias positivas aos olhos de investidores. O Ministério da Economia informou que o governo decidiu zerar a incidência do imposto sobre operações financeiras (IOF) em operações com moeda estrangeira até 2029. Mais tarde, dados mostraram que o déficit primário do governo central foi em 2021 o menor em sete anos. A taxa de desemprego no menor nível desde o início de 2020 também trouxe bons ventos.
Com isso, o mercado teve aval para seguir a recuperação de humor das praças internacionais. Ainda que tenham tido um novo dia volátil, as bolsas de valores em Nova York chegaram ao fim da tarde em altas de até 2,7%.
Agentes financeiros seguem debruçados sobre riscos de altas mais intensas de juros nos Estados Unidos, mas, com exceção de um dia ou outro, ativos de mercados emergentes têm mostrado resiliência, especialmente aqueles onde os bancos centrais também estão apertando suas políticas monetárias, caso do Brasil.
O Banco Central deve promover um terceiro aumento consecutivo de 150 pontos-base na taxa básica de juro na próxima quarta-feira, levando a taxa a 10,75%, — maior patamar em cerca de quatro anos e meio e bem distante da mínima histórica de 2% que vigorou entre agosto de 2020 e março de 2021. A taxa de juro embutida em contratos a termo de real para um ano está em 11,7% ao ano, nas máximas desde 2016.
"O real continuará se beneficiando de um carry ("retorno") mais alto após um ciclo de elevação de juros mais rápido que a média dos emergentes", disseram estrategistas do Citi em nota, que mantêm posições relativas favoráveis à moeda brasileira — por exemplo, apostam no real contra o peso colombiano via venda de opções de compra de dólar/real e compra de opções de compra de dólar/peso colombiano.
O real apreciou quase 11% frente ao peso em 2021 e neste ano somava ganhos de 0,4%. Um índice do J.P. Morgan para divisas emergentes subia também cerca de 0,4% desde o começo do ano, enquanto o índice do dólar contra uma cesta de rivais de países ricos saltava 1,7% no período.
"Dentro dos mercados emergentes vemos espaço para os high yielders ("mercados com juros mais altos") e algumas moedas de commodities superarem os low yielders ("com juro baixo") no médio prazo. Dada a incerteza de curto prazo, continuamos posicionados seletivamente", disseram estrategistas do Barclays, que afirmam expressar posições otimistas no real via opções.
Desde 7 de janeiro, os estrangeiros venderam o equivalente a US$ 2,1 bilhões em contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial na B3 — reduzindo, assim, apostas negativas na moeda brasileira.