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Dólar termina com leve alta ante o real com cena política em foco e fluxo

O dólar avançou 0,04 por cento, a 3,3420 reais na venda, depois de marcar a mínima de 3,2962 reais no dia logo após a abertura do pregão

Dólar: comportamento da moeda frente ao real também decorreu de fluxo comprador atraído pelo preço (Gary Cameron/File Photo/Reuters)

Dólar: comportamento da moeda frente ao real também decorreu de fluxo comprador atraído pelo preço (Gary Cameron/File Photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de abril de 2018 às 17h09.

São Paulo - A festa do mercado cambial à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve efeito curto, já que o dólar, que chegou a cair abaixo de 3,30 reais na mínima do dia, terminou a sessão com leve alta, diante do desafiador ambiente político à frente.

O dólar avançou 0,04 por cento, a 3,3420 reais na venda, depois de marcar a mínima de 3,2962 reais no dia logo após a abertura do pregão, com queda de 1,34 por cento. O dólar futuro subia cerca de 0,40 por cento.

"O cenário segue incerto, internamente com as eleições e, externamente com a tensão comercial", afirmou o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.

Por 6 votos a 5, o STF rejeitou no início desta madrugada o pedido de habeas corpus preventivo de Lula, decisão que deixa o petista mais próximo de ser preso após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em segunda instância.

Agora, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) está livre para decretar o início do cumprimento da pena de mais de 12 anos de prisão aplicada a Lula, embora seja possível que espere o julgamento de mais um embargo da defesa do ex-presidente. O prazo final para apresentação desse novo recurso é o dia 10 de abril.

"Embora os mercados estejam propensos a dar as boas-vindas à notícia (do STF), há razões para avaliar que qualquer rali será limitado", afirmou mais cedo o economista para América Latina da Capital Economics (CE), Edward Glossop, em relatório.

Isso porque Lula, visto por investidores como menos comprometido com o ajuste fiscal, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano e, mesmo que não concorra, pode atuar como forte cabo eleitoral.

"Uma vez que a poeira assente, os mercados brasileiros tendem a se concentrar no fato de que os candidatos pró-mercado ainda enfrentam uma luta difícil na corrida eleitoral", acrescentou Glossop.

O comportamento do dólar frente ao real também decorreu de fluxo comprador atraído pelo preço. No pregão da véspera, a moeda norte-americana chegou a 3,3691 reais e, nesta sessão, foi abaixo de 3,30 reais.

"Da mesma forma que os 3,37 reais atraíram vendedores, os 3,30 reais atraíram compradores", afirmou o profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.

A trajetória da moeda teve ainda influência externa, onde o dólar se fortaleceu ante as moedas emergentes, nesta véspera de divulgação do relatório do mercado de trabalho de março dos Estados Unidos. Ainda na sexta-feira, o chair do Federal Reserve --banco central dos Estados Unidos--, Jerome Powell, fala.

A moeda norte-americana ainda subia ante a cesta de divisas, tendo atingido a máxima de duas semanas impulsionada pela recuperação em Wall Street e sinais de que os Estados Unidos estão tentando resolver a disputa comercial com a China. O dólar também subia ante a maioria das divisas de países emergentes.

Essa percepção ganhou força depois que assessor econômico do presidente Donald Trump disse que o governo norte-americano estava negociando com a China, não se envolvendo em uma guerra comercial.

O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão. Em maio, vencem 2,565 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.

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