Notas de dólar (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 12h07.
Apesar da forte agenda de indicadores domésticos e no exterior, o dólar começou o mês de novembro da mesma forma que terminou outubro: congelado.
A moeda norte-americana seguia negociada com pouca variação nesta quinta-feira, em torno de 2,03 reais, nível que autoridades brasileiras consideram favorável à vacilante indústria do país.
Intervenções do Banco Central e declarações de integrantes do governo deixaram claro nos últimos meses que o dólar deve ficar acima de 2 reais. A previsibilidade da cotação da moeda afastou os investidores do mercado, o que é evidenciado pela volatilidade ínfima e pelos pequenos volumes diários.
Às 11h46, a moeda norte-americana tinha leve alta de 0,06 por cento, para 2,0315 reais na venda. Durante todo o mês de outubro, o dólar subiu apenas 0,11 por cento.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 605 milhões de dólares.
"Estamos praticamente congelados, engessados. A agenda de indicadores lá fora está forte hoje, mas isso basicamente não influencia em nada", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
Dados divulgados mais cedo mostraram que a economia chinesa pode finalmente estar retomando a força. O Índice de Gerentes de Compra (PMI na sigla em inglês) oficial do setor industrial do país subiu para 50,2 em outubro ante 49,8 em setembro --a primeira vez acima do nível de 50 desde julho..
Nos Estados Unidos, dados de emprego também mostravam que a maior economia do mundo pode estar recuperando o fôlego. O setor privado do país abriu 158 mil postos de trabalho em outubro, acima das expectativas, enquanto os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 363 mil na semana passada.
Embora tais dados ajudassem a alimentar o apetite por risco do investidor nas praças financeiras internacionais, o dólar também tinha oscilações pequenas em relação a outras moedas.
Frente a uma cesta de divisas, o dólar registrava variação positiva de 0,01 por cento, enquanto o euro subia 0,09 por cento ante a moeda norte-americana.
As incertezas sobre as perspectivas da economia global --incluindo a crise da dívida da zona do euro, o "abismo fiscal" dos Estados Unidos e a desaceleração da atividade chinesa-- ainda dão um tom de cautela aos mercados, segundo o operador do Banco Daycoval Luiz Fernando Gênova.
"O mercado continua receoso. O crescimento econômico continua sendo a grande questão dos mercados e, enquanto não houver uma melhora significativa, o pessoal continuará com receio de aumentar a exposição ao risco", afirmou.
A ausência de grandes acontecimentos no cenário internacional tem colaborado para manter o dólar nos atuais níveis, além da posição das autoridades brasileiras sobre o câmbio.
A intenção de manter o real desvalorizado foi novamente evidenciada na quarta-feira, desta vez pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que disse que o governo está "empenhado" em manter o dólar no nível de 2 reais.
O governo defende que a moeda norte-americana nesse nível aumenta a competitividade da indústria brasileira no exterior, essencial para impulsionar o fraco crescimento econômico do país.
Segundo dados divulgados mais cedo, a produção industrial brasileira caiu 1 por cento em setembro frente a agosto.
Trata-se do pior resultado mensal desde janeiro passado, quando a contração foi de 1,8 por cento, e pior do que o esperado pelo mercado.
"Aparentemente, para os exportadores essa taxa (de câmbio) está razoável, e por isso o dólar não vai para um lado nem para o outro", disse Siaca, da Advanced.