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Dólar tem maior alta mensal desde agosto; Bolsa fecha março no vermelho

Moeda norte-americana fechou o mês com ganho de 4,32% diante de conflitos entre governo e Congresso e espera por andamento da Previdência

Dólar: moeda também acumulou alta na semana (Agrobacter/Getty Images)

Dólar: moeda também acumulou alta na semana (Agrobacter/Getty Images)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 29 de março de 2019 às 17h21.

Última atualização em 29 de março de 2019 às 18h57.

 O dólar fechou esta sexta-feira perto da estabilidade, com investidores preferindo recompor posições na moeda norte-americana na ausência de novas notícias, indicando alívio nas tensões políticas em torno da reforma da Previdência.

O dólar à vista terminou com variação negativa de 0,05%, a 3,9154 reais na venda. Na semana, a cotação subiu 0,34%. Em março, porém, a moeda saltou 4,32%, maior alta mensal desde agosto de 2018 (8,46%). Na B3, a referência do dólar futuro caía 0,13 por cento, a 3,8965 reais.

Março de forma geral foi um mês de maior instabilidade para o câmbio, com o dólar acumulando baixa em apenas uma semana (de 1,28%, entre os dias 11 e 15).

O ambiente externo mais arisco pesou, mas foi a escalada das tensões no campo político doméstico que teve papel decisivo no salto do dólar. As rusgas ganharam contornos de crise política quanto os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passaram a trocar farpas publicamente, o que levou o mercado a questionar a capacidade do governo de conseguir aprovar a reforma previdenciária.

"A volatilidade vai continuar elevada nos mercados brasileiros ao longo dos próximos meses. Continuamos neutros por ora", disse Mathieu Racheter, estrategista para mercados emergentes da Julius Baer.

Considerando as variáveis correlacionadas à taxa de câmbio, o real deveria estar mais valorizado. Nas contas de Gabriela Fernandes, da Gauss Capital, o dólar deveria operar atualmente em 3,50 reais. A gestora, contudo, não tem estimativa oficial de taxa de câmbio.

"Nós já temos uma projeção de que a reforma seja aprovada na Câmara por volta de novembro, o que já é um cenário mais conservador em relação à média do mercado", diz, indicando que a taxa de câmbio tem mais espaço para valorização em caso de surpresas positivas.

Nesta sexta-feira, o Banco Central fez a rolagem do lote integral de 3 bilhões de dólares ofertado em leilão de linha de moeda estrangeira com compromisso de recompra. Assim, o BC evitou uma saída dessa mesma quantia de recursos prevista para o começo de abril.

Na véspera, o BC já havia colocado no mercado 1 bilhão de dólares em oferta líquida de moeda via operação de linha.

Bolsa

O Ibovespa fechou em alta beneficiado pela visão de clima político mais ameno no país e cenário positivo no exterior, mas se afastou das máximas do dia e terminou o volátil mês de março com pequena queda.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,09%, a 95.414,55 pontos, de acordo com dados preliminares. Na máxima do dia, bateu 95.862,75 pontos. O volume financeiro somava 15,25 bilhões de reais.

Na semana, o Ibovespa teve valorização de 1,79 por cento, mas encerrou março com variação negativa de 0,18 por cento. No ano, o Ibovespa ainda contabiliza um ganho de 8,57 por cento.

Na penúltima semana do mês, o Ibovespa chegou a superar os 100 mil pontos pela primeira vez na história, mas ruídos políticos geraram desconfiança sobre o andamento da agenda econômica do país, notadamente a reforma da Previdência.

Agentes financeiros, contudo, viram nas últimas declarações e ações de membros do governo e alguns parlamentares sinais de que Executivo e o Legislativo querem deixar para trás a tensão e começar a avançar na agenda de reformas.

"Os próximos dias dirão se os conflitos entre ambos de fato são página virada", afirmou a equipe da corretora Brasil Plural em nota a clientes, ressalvando que por enquanto o clima de incerteza permanece.

No exterior, as bolsas encontrar suporte em sinalização positiva da rodada mais recente de negociações comerciais entre Estados Unidos e China, em meio a temores com a desaceleração da economia global.

O norte-americano S&P 500 subiu 0,67 por cento.

Destaques

- VALE avançou 3,31 por cento, tendo de pano de fundo a alta dos preços do minério de ferro na China, além do noticiário mais favorável sobre EUA-China. A alta foi acompanhada pelo setor de mineração e siderurgia, com USIMINAS PNA à frente, subindo 3,72 por cento.

- JBS fechou com elevação de 2,91 por cento, após balanço trimestral, com lucro abaixo das estimativas, mas redução do endividamento e analistas destacando geração de caixa, enquanto executivos da empresa também esperam resultado melhor em 2019, bem como elevar preços na Seara.

- SABESP cresceu 2,44 por cento, após resultado do quarto trimestre, com lucro de 1,5 bilhão de reais, superando em 146 por cento o resultado de um ano antes.

- KROTON caiu 2,84 por cento, após divulgar queda de 17,4 por cento no lucro ajustado do quarto trimestre, para 403,4 milhões de reais, bem como guidance da empresa de ensino para 2019.

- BR DISTRIBUIDORA perdeu 4,1 por cento, após relatório do UBS cortando recomendação dos papéis da empresa de compra para neutra e reduzindo o preço-alvo de 29 para 25 reais.

- PETROBRAS PN fechou estável apesar da alta dos preços do petróleo no mercado externo. PETROBRAS ON subiu 0,61 por cento.

- BRADESCO PN subiu 1,71 por cento. BANCO DO BRASIL avançou 1,46 por cento, e ITAÚ UNIBANCO PN terminou com acréscimo de 0,97 por cento.

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