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Dólar tem maior alta em duas semanas com tensão entre EUA e Irã

Moeda fechou acima de R$ 4,05 em dia marcado por conflitos após ataque dos Estados Unidos que matou um general iraniano

Nota de dólar (Douglas Sacha/Getty Images)

Nota de dólar (Douglas Sacha/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 17h29.

Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às 18h12.

O dólar fechou esta sexta-feira com a maior alta percentual diária em duas semanas, ficando acima de 4,05 reais, conforme as operações locais replicaram o movimento de valorização da moeda no exterior diante de maior aversão a risco depois do aumento das tensões no Oriente Médio.

No mercado interbancário, o dólar subiu 0,74%, a 4,0555 reais na venda. É a maior alta percentual diária desde 20 de dezembro (+0,79%). O dólar fechou no maior patamar desde 26 de dezembro (4,062 reais na venda).

Na semana, a cotação avançou 0,14%, depois de quatro semanas consecutivas de queda, nas quais acumulou desvalorização de 4,50%.

No exterior, o dólar subia firme contra moedas emergentes, enquanto o iene japonês --demandado em tempos de maior incerteza geopolítica e econômica-- liderava os ganhos nos mercados globais de câmbio ao subir 0,5% ante o dólar.

Na B3, o dólar tinha alta de 0,77%, a 4,0620 reais.

EUA X Irã

O Irã prometeu vingança severa depois que um ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá na sexta-feira matou Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Quds e arquiteto da crescente influência militar do país no Oriente Médio. Os preços do petróleo dispararam.

A escalada das tensões aumentou a demanda por ativos de segurança em todo o mundo, o que se refletia na valorização de moedas como dólar e iene e dos preços da dívida soberana dos Estados Unidos.

Na máxima do dia, alcançada logo no começo do pregão, o dólar bateu 4,0725 reais na venda. Mas a moeda terminou a alguma distância desse nível, o que sinaliza alguma dúvida dos investidores sobre elevar posições a favor da divisa dos EUA neste momento.

Além disso, o dólar vem de uma série de quedas no fim do ano passado, que derrubaram a cotação ao menor patamar desde o início de novembro. Ou seja, o mercado aproveitou o maior ruído externo para "realizar" parte da desvalorização de dezembro, quando o dólar acumulou queda de 5,37% --maior baixa para qualquer mês desde janeiro deste ano.

"Embora esperemos que a volatilidade do real continue nos próximos meses, acreditamos que o progresso da agenda de reformas estruturais... poderá compensar as pressões de baixa decorrentes do menor diferencial de taxa de juros, da reformulação da dívida corporativa e da deterioração gradual do saldo de conta corrente", disse o Santander Brasil em relatório recente.

O banco projeta que o dólar "convergirá" para 4,00 reais até o fim do ano de 2020.

O ataque

A alta do dólar foi influenciada pelo ataque norte-americano ao Iraque, que acabou na morte de Qasem Soleimani, general e herói iraniano. 

Segundo o departamento americano de Defesa, a ordem para liquidar Soleimani partiu diretamente de Donald Trump.

“Sob as ordens do presidente, o Exército americano adotou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal americano e estrangeiro e matou Qasem Soleimani”, informou o Pentágono.

Minutos antes, Trump havia tuitado uma bandeira americana.

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