Dólar: o mercado financeiro vinha trabalhando com o cenário de queda de Temer, mas com as reformas saindo do papel mesmo assim (foto/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 7 de junho de 2017 às 17h51.
São Paulo - O dólar fechou a quarta-feira com leve queda ante o real, com os investidores mantendo a cautela dos últimos dias diante da cena política.
Os fatos da vez foram o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passou pelo seu segundo dia, e aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na noite passada, mas por um placar apertado.
O dólar recuou 0,13 por cento, a 3,2721 reais na venda, depois de oscilar entre a mínima de 3,2652 reais e a máxima de 3,2872 reais. O dólar futuro tinha leve queda de cerca de 0,20 por cento no final da tarde.
"Ainda que a aprovação (da reforma trabalhista) seja um alento, o placar acirrado, além do cronograma apertado, reitera a percepção de que uma aprovação definitiva não será nada fácil", informou a corretora Coinvalores em relatório.
A CAE aprovou, por 14 votos a 11 e sem alteração, o texto da reforma trabalhista, que ainda deve precisar passar por outras comissões da Casa antes de seguir ao plenário.
Imerso em uma intensa crise política, o governo do presidente Temer tem mobilizado seus esforços para fazer avançar sua agenda econômica no Congresso Nacional, que inclui a reforma da Previdência, de forma a sinalizar aos agentes econômicos que ainda tem fôlego político.
Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes, entre outros, de corrupção passiva, Temer também enfrenta outro desafio na Justiça: o julgamento de sua chapa com a ex-presidente Dilma, vencedora na eleição de 2014, e que pode culminar com o seu afastamento do cargo.
O julgamento começou na noite passada e foi retomado nesta quarta-feira, terminando com o relator do processo, ministro Herman Benjamin, votando para manter o conteúdo de depoimentos de delatores da Odebrecht no caso. Os demais ainda precisam votar.
Para a consultoria Eurasia, se Temer sobreviver ao julgamento do TSE, a probabilidade de não concluir seu mandato recua a 30 por cento, frente aos atuais 60 por cento.
O mercado financeiro vinha trabalhando com o cenário de queda de Temer, mas com as reformas saindo do papel mesmo assim.
Agora, começaram a aparecer algumas avaliações de que o presidente pode concluir o seu mandato, até o fim de 2018, o que poderia reduzir as incertezas políticas.
O Banco Central vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho.
Com isso, já rolou 820 milhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.