Dólar: "O investidor está de olho no Congresso, esperando o desfecho da crise e não está montando novas posições" (foto/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 26 de maio de 2017 às 17h22.
São Paulo - O dólar encerrou a sexta-feira em leve queda ante o real, quebrando a sequência de dois pregões seguidos de alta, com os investidores ainda cautelosos com a cena política brasileira após a grave crise que afeta o governo do presidente Michel Temer.
O dólar recuou 0,54 por cento, a 3,2654 reais na venda, após acumular alta de 0,51 por cento nas suas sessões passadas. Na semana, acumulou elevação de 0,25 por cento.
O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,40 por cento no final da tarde.
"O mercado está oscilando pontualmente entre 3,25 e 3,30 reais. O investidor está de olho no Congresso, esperando o desfecho da crise e não está montando novas posições", afirmou o operador da corretora Spinelli Corretora José Carlos Amado.
O mercado vem trabalhando com a expectativa de que Temer deixe a Presidência pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julgará a cassação ou não da chapa Dilma Rousseff-Temer no próximo dia 6, e que seu substituto seja um nome de consenso com capacidade para dar andamento às reformas da Previdência e trabalhista.
Pesquisa Reuters tomou esse pulso, com apenas dois de 30 economistas consultados entre 24 e 26 de maio acreditando que Temer completará seu mandato no fim de 2018. Mesmo assim, o cenário continua favorável para a forte queda dos juros, para a redução da meta de inflação e até para a aprovação de mudanças na Previdência, acrescentou a pesquisa.
"Se as reformas entrarem em rota de aprovação no Congresso, não importará o chefe do Executivo, teremos cotações abaixo dos 3,15 reais novamente", informou a corretora Lerosa em relatório.
Temer vem repetindo que não pretende deixar o cargo e trabalha para tentar dar continuidade à pauta do governo no Congresso.
Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. O presidente teve uma conversa gravada pelo executivo.
O recuo da moeda norte-americana nesta sessão, segundo alguns profissionais também foi favorecido por fluxo pontual de entrada de recursos.
Mas a cautela vai continuar prevalecendo, também por causa da proximidade do final de semana e diante do feriado de Memorial Day nos Estados Unidos na próxima segunda-feira, que manterá os mercados de lá fechados.
Na reta final da sessão, o recuo do dólar perdeu força ante o real após a notícia de que a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, renunciou ao cargo, alegando motivos pessoais.
"Isso alimentou um pouco de cautela, já que o mercado não sabe o que motivou o afastamento", afirmou o operador da H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sexta-feira mais um lote de 8 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares--, completando 3,6 bilhões de dólares da rolagem dos contratos que vencem de junho, que totaliza 4,435 bilhões de dólares.