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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - O dólar mostrou discreta alta ante o real nesta terça-feira, em linha com o comportamento mais estável da moeda no mercado global, em meio à expectativa por uma possível intervenção do Banco Central no mercado futuro.
O dólar à vista teve leve avanço de 0,17 por cento, a 1,770 real. Enquanto o mercado local encerrava as operações, o euro mantinha-se estável a 1,2992 dólar, as bolsas de valores dos Estados Unidos oscilavam entre zero e alta de 0,2 por cento e o principal índice da Bovespa subia 0,4 por cento.
Entre os dados que nortearam as operações no mercado global estavam um resultado pior que o esperado da confiança do consumidor nos Estados Unidos e lucros acima das expectativas de empresas como a DuPont e o banco UBS.
O principal assunto no Brasil, porém, ainda era a possibilidade de um leilão de swap cambial reverso. Na sexta-feira, o BC sondou informalmente as mesas de bancos "dealers" --principais instituições com que opera diretamente-- para avaliar a demanda pelos contratos.
Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não colocou obstáculos a uma atuação desse tipo pelo BC. "Quando o BC achar adequado, ele o fará", disse.
A intervenção atenuaria a alta das taxas de juros locais em dólares, o cupom cambial, que tem subido com força nas últimas semanas por causa da combinação entre fluxo negativo no mercado à vista e expectativa de entradas no futuro.
Nesta sessão, o FRA (forward rate agreement) de cupom cambial para setembro voltou a avançar, para 2,35 por cento no fim da tarde, após ceder a até 2 por cento na segunda-feira com a expectativa pelo swap reverso.
"Nós estamos indo para uma situação em que os bancos não estão deixando muita saída para o BC", disse João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pioneer, em referência à posição vendida de 12,950 bilhões de dólares dos bancos no mercado à vista.
Arbitragem com juros
Carlos Allievi Jr., gestor da Infinity Asset, atribuiu a expectativa de entradas futuras, em parte, à própria possibilidade de arbitragem com os juros do Brasil. O ambiente global também está mais favorável a investimentos no país e em outras aplicações menos conservadoras após a diminuição dos temores com a crise da dívida na Europa.
"Se você comparar com o que tinha acontecido em outros tempos, nunca teve muitas captações em julho e agosto, porque é férias no Hemisfério Norte", afirmou.
A reabertura de um bônus Global com vencimento em 2021 pelo Tesouro Nacional, com volume de 750 milhões de dólares e demanda de mais de 5 bilhões de dólares, é um exemplo das condições mais benignas para captações externas.
Ele criticou, porém, a menor transparência dos swaps reversos --com os leilões restritos aos dealers-- e aponta para o risco de o BC dar liquidez para a arbitragem com juros, mantendo a pressão pela valorização do real.
Por ora, no entanto, o mercado entendeu a sondagem do BC e as declarações de Mantega como um sinal de que o governo está disposto a intervir com mais força para manter o dólar acima do atual nível. "Parece que 1,75 real é a linha que as autoridades brasileiras desenharam na areia", disse Win Thin, estrategista da Brown Brothers Harriman, em Nova York.
Allievi também aposta que, por enquanto, a indefinição impede uma queda mais intensa do dólar.