Mercados

Dólar fecha em alta, mas tem segunda queda semanal consecutiva

Tensão no mercado financeiro americano pressiona, mas andamento de reformas, dados econômicos e perspectiva positiva tem fortalecido moeda brasileira

Dólar encerra semana em queda de 1,9% (David M. Elmore/Getty Images)

Dólar encerra semana em queda de 1,9% (David M. Elmore/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 09h31.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 17h08.

O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, 4, refletindo o desempenho das bolsas de valores americanas, que passaram por mais um dia de forte realização de lucros, com o índice Nasdaq chegando a tocar 5% de queda pelo segundo dia consecutivo. Ao longo do dia, a queda foi amenizada no mercado americano, mas o estrago no câmbio já estava feito. A moeda americana até perdeu força no fim da tarde, mas embora tenha começado o dia em queda, não voltou para o terreno negativo e encerrou com valorização de 0,3%, sendo vendido por 5,308 reais.

"A alta do dólar tem total relação com as bolsas americanas. Ainda mais que segunda-feira é feriado no Brasil e nos Estados Unidos, ninguém quer ficar posicionado em um cenário desses", afirma Jefferson Laarus, estrategista-chefe do grupo Laatus.

Nem mesmo os dados do mercado de trabalho americano, que vieram melhores do que o esperado ajudam a conter o fluxo vendedor nos EUA. Divulgado nesta manhã, o payroll apontou para a criação de 1,371 milhão de empregos não-agrícolas nos Estados Unidos, quase em linha com as expectativas de 1,4 milhão. Mas, a taxa de desemprego veio bem melhor do que a esperada, caindo de 10,2% para 8,4%, confirmando o quarto mês seguido de melhora do mercado de trabalho americano. A mediana das projeções era de queda para 9,8%.

“A taxa de desemprego caiu com força, o que nos mostra que o ADP veio exagerado [na quarta-feira]”, diz  Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.

Mas mesmo com a cautela no exterior, o dólar encerrou a semana em queda de 1,9% - a segunda consecutiva de desvalorização da moeda americana. Segundo Spyer, o otimismo com o andamento de reformas tem ajudado a fortalecer o real. Ele também conta que outros dois fatores têm contribuído para a recente desvalorização da moeda americana no Brasil.

Um dos motivos são os dados da economia nacional, que tem surpreendido positivamente os investidores. Na véspera, foi divulgada a produção industrial brasileira, mostrando um crescimento de 8% em julho em relação ao mês anterior, sendo que as expectativas eram de 5,7% de alta. Já o PMI composto de agosto ficou em 53,9 pontos no Brasil, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade econômica e dos 47,3 pontos esperados.

“O PMI composto mostrou uma recuperação em [formato] Nike. No país, o consumo de energia está em alta, assim como os dados de tráfego de veículos pesados e o consumo de papelão ondulado”, comenta.

A outra razão, segundo Spyer, para a valorização do real tem sido a recomendação de compra por parte de alguns dos principais bancos internacionais, com o JPMorgan e o Bank of America. “ Os investidores estrangeiros estão montando posição em real e desmontando em dólar”, afirma Spyer

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólar

Mais de Mercados

BRF compra planta de processados na China por R$ 460 milhões para expandir atuação na Ásia

A estratégia do C6 Bank para crescer com IA generativa

JP Morgan diz que pacote fiscal 'não recuperou credibilidade' e projeta Selic a 14,25%

Dólar hoje: fechou em alta nesta quinta-feira, 28