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Dólar tem leve alta e fecha em R$3,34, atento ao cenário político

Com a agenda esvaziada, os investidores acompanharam mais de perto o mercado externo, onde os preços do petróleo subiram

Dólar: "É forte a cautela com o político e com ajuste fiscal, que segue sendo a principal preocupação" (Paul Nicholson/Flickr)

Dólar: "É forte a cautela com o político e com ajuste fiscal, que segue sendo a principal preocupação" (Paul Nicholson/Flickr)

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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2017 às 17h21.

São Paulo - Pelo terceiro pregão consecutivo, o dólar terminou com leve elevação e encostou em 3,34 reais, com a agenda esvaziada dividindo a atenção dos investidores entre o recuo da moeda no exterior e o cenário político.

O dólar avançou 0,11 por cento, a 3,3391 reais na venda, renovando o maior nível de fechamento desde 18 de maio, quando terminou a 3,3890 reais. Na semana, acumulou alta de 1,58 por cento.

Na mínima, marcou 3,3268 reais e, na máxima, 3,3441 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,10 por cento.

"É forte a cautela com o político e com ajuste fiscal, que segue sendo a principal preocupação", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Com a agenda esvaziada, os investidores acompanharam mais de perto o mercado externo, onde os preços do petróleo subiram e favoreceram o recuo do dólar ante divisas de emergentes no exterior, como ante o peso mexicano. O dólar também cedia ante uma cesta de moedas

O movimento, entretanto, foi contido pelas preocupações sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional.

"A banda de 3,25 reais a 3,30 reais foi movida para 3,30 reais a 3,35 reais após o episódio da CAS. Isso mostrou que carece capital político para aprovar o ajuste fiscal. O mercado achava que a reforma trabalhista já era página virada", destacou Alessie Machado.

Depois que o presidente Michel Temer foi atingido por delação de empresário da JBS no âmbito da Operação Lava Jato, a moeda, que vinha operando até o teto de 3,20 reais, passou a oscilar cinco centavos acima, entre 3,20 reais e 3,30 reais.

Na terça-feira passada, entretanto, com a derrota do governo na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, a moeda foi a 3,33 reais e tem operado nesses níveis desde então.

Na véspera, ao atingir o nível de 3,35 reais, teto do novo intervalo, a moeda atraiu vendedores, que derrubaram os preços.

Os investidores também aguardavam a denúncia contra Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na véspera, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou a Janot cópia do inquérito que investiga o presidente.

A partir do seu recebimento, Janot terá cinco dias para denunciá-lo ou pedir o arquivamento da investigação, por falta de elementos para fazer a acusação.

"A cautela com o político pode dar força para o dólar", resumiu o responsável pelo departamento de análise de câmbio da corretora Walpires, Fúlvio Andrade.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho.

Com isso, já rolou 5,330 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.

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