Mercados

Dólar tem leve alta ante real, em dia sem ação extraordinária do BC

O dólar avançou 0,11 por cento, a 3,7443 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,7855 reais e a mínima de 3,7176 reais

Dólar: moeda teve novo recuo com otimismo em relação à eleição (Hafidz Mubarak/Reuters)

Dólar: moeda teve novo recuo com otimismo em relação à eleição (Hafidz Mubarak/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 19 de junho de 2018 às 17h04.

Última atualização em 19 de junho de 2018 às 17h15.

São Paulo - O dólar terminou a terça-feira praticamente estável ante o real, com um movimento de correção que desobrigou o Banco Central a atuar extraordinariamente no mercado e colocou o Brasil na contramão do exterior, onde predominou a aversão ao risco com o recrudescimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

O dólar avançou 0,11 por cento, a 3,7443 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,7855 reais e a mínima de 3,7176 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,05 por cento.

"Passou a histeria. Mercado sabe que o BC está atuando, deu uma acomodada", comentou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Os profissionais das mesas não viram uma justificativa para a correção do dólar num dia de grande nervosismo no mercado internacional. Citaram, além da forte alta recente da moeda, zeragem de algumas posições compradas bem como o ajuste em baixa da curva de juros para a possível manutenção da Selic em 6,50 por cento no dia seguinte.

Logo após a abertura, o dólar bateu a máxima ante o real, sob influência externa.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifa de 10 por cento sobre 200 bilhões em bens chineses e Pequim alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo.

O Ministério do Comércio da China disse que Pequim vai reagir com medidas "qualitativas" e "quantitativas" se os EUA publicarem uma lista adicional de tarifas sobre bens chineses.

O aumento da retórica entre os dois países trouxe um forte movimento de aversão ao risco que içou o dólar ante a grande maioria das moedas no exterior, subindo ante a cesta e ante divisas de emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano.

"A China teria de impor tarifas sobre tudo o que comprasse dos EUA para manter essa resposta na mesma medida. Mas ela tem outras ferramentas que poderia usar, incluindo pressionar diretamente as empresas norte-americanas que operam na China", afirmou a empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics (CE) em relatório.

Atuação do BC

O mercado também trabalhou sob a expectativa de atuação do Banco Central por meio de leilão de novos contratos de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares--, mas pela primeira vez desde 14 de maio, o BC não ofertou swaps adicionais ao mercado.

A moeda norte-americana valorizou 6,66 por cento em maio e, no acumulado de junho, apenas 0,20 por cento ante o real.

No mês passado, para tentar conter a elevada volatilidade dar liquidez aos agentes, o Banco Central vendeu 7,250 bilhões de dólares em novos contratos de swap, volume que já somava 32,366 bilhões de dólares neste mês até a véspera.

Na quinta-feira passada, o BC anunciou que ofertaria cerca de 10 bilhões de dólares em novos swaps nesta semana, podendo ajustar a oferta, mas vendeu apenas 1 bilhão de dólares, na véspera.

Nesta sessão, o BC fez apenas o leilão de swap para rolagem, no qual vendeu integralmente a oferta de até 8.800 contratos, já rolando 5,720 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões dedólares que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.

(Por Claudia Violante)

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarEstados Unidos (EUA)

Mais de Mercados

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA