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Dólar cai 2% com ajuda de cenário externo e se distancia dos 6 reais

Potencial vacina e discurso mais otimista de Jerome Powell servem de gatilho para rali por ativos de risco

Dólar cai 2% e encerra a R$ 5,72 (halduns/Getty Images)

Dólar cai 2% e encerra a R$ 5,72 (halduns/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 18 de maio de 2020 às 17h10.

Última atualização em 18 de maio de 2020 às 17h13.

Depois de quase tocar os 6 reais na quinta-feira passada, o dólar iniciou a semana em queda, com fatores externos ditando o bom humor do mercado global, como a possibilidade de novos estímulos por parte dos Estados Unidos e o sucesso de uma potencial vacina em testes com seres humanos. Nesta segunda-feira, 18, o dólar comercial se desvalorizou 2% e fechou cotado a 5,721 reais, enquanto o dólar turismo caiu 2%, a 6,03 reais.

Embora a possível vacina, produzida pela empresa americana Moderna, tenha saída bem-sucedida dos testes, ainda é são necessárias novas avaliações para comprovar a eficácia do produto. Os resultados preliminares, porém, foram suficientes para engatar o tom positivo nos mercados. “A [notícia sobre a] vacina é bem positiva. O dólar tende a voltar conforme o normalidade for se estabelecendo”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

As últimas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também foram bem recebidas pelos investidores. Em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, Powell voltou a dizer que os impactos econômicos da pandemia devem ser profundos, mas que o banco central americano não está “sem munição” e que a economia americana deve começar a se recuperar no segundo semestre.

“O discurso do Powell teve duas interpretações. Dessa vez, o lado positivo acabou pegando mais”, disse Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti. Segundo ele, a sinalização de que os Estados Unidos podem injetar ainda mais dinheiro na economia serviu de gatilho para que os investidores corressem para ativos mais arriscados, como moedas de países emergentes.

No radar do mercado também esteve o afrouxamento do isolamento social. A expectativa é a de que quarentenas menos rígidas sirvam para acelerar a atividade econômica.

“O mercado começa a ver uma luz no fim do túnel para fazer uma programação de quanto, realmente, a gente vai sofrer. O pessoal está animado”, disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Nos EUA, onde foram registrados o maior número de casos de coronavírus covid-19, a maior parte do país já está em processo de reabertura. Em Nova York, o estado mais afetado pela doença, a quarentena deve durar, pelo menos até junho, de acordo com o governador Andrew Cuomo. No entanto, é possível que algumas atividades retornem ainda antes. A Bolsa de Nova York (NYSE, na sigla em inglês), por exemplo, deve retomar o pregão presencial antes do fim de maio.

No exterior, a moeda americana também perdeu força contra as divisas do México, Rússia, Índia, Turquia e África do Sul. O índice Dxy, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos, caiu 0,79% - a maior queda desde o início de abril.

Apesar do cenário externo positivo, a política brasileira continua preocupando os investidores. No fim de semana, o empresário Paulo Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro, concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em que afirma que Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, recebeu informações privilegiadas da Polícia Federal sobre a operação que envolvia seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

“Essa puxada maior [do dólar] veio do externo, essa queda também vai vir com notícias externas positivas. Mas vai chegar uma hora que vai segurar por causa da política interna, mas acredito que seja algo mais perto dos 5 reais”, disse Nagem.

Na sexta-feira, o dólar havia fechado em alta de 0,33%, tendo como pano de fundo o pedido de exoneração do então ministro da Saúde Nelson Teich.

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