O pregão de hoje fechou com o dólar à vista a 4,7407 reais na venda e rublo russo valorizado (halduns/Getty Images)
Reuters
Publicado em 7 de abril de 2022 às 17h18.
Última atualização em 7 de abril de 2022 às 17h58.
O dólar comercial subiu pelo terceiro pregão consecutivo nesta quinta-feira, 7, o que não acontecia há três semanas. A moeda chegou a superar 4,77 reais na máxima do dia. Um fato que influenciou nas operações foi a repercussão da norte-americana que gera expectativas para um aperto mais intenso dos juros americanos.
Hoje, o dólar à vista avançou 0,55%, a 4,7407 reais na venda. E, dessa forma, renovou a máxima de fechamento desde 31 de março (4,7628 reais). A divisa oscilou durante a jornada de 4,6904 reais (-0,52%) a 4,774 reais (+1,26%).
No rali de três dias, a cotação acumulou ganho de 2,89%. É a maior alta considerando uma série de três sessões desde 19 de julho de 2021 (+3,22%).
A demanda mais forte por dólares nesta semana está relacionada sobretudo à reprecificação da política monetária nos EUA. Após o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) divulgar a ata de sua última reunião de política monetária, operadores passaram a ver chances maiores de aumentos mais agressivos nos juros por lá.
Com juros mais altos e ostentando o título de mercado mais seguro do mundo, os EUA, assim, atraem mais recursos, o que valoriza o dólar.
Os fatores que asseguraram a queda de 17% do dólar no acumulado do ano até a última segunda-feira – quando a moeda fechou em 4,6075 reais-- prosseguem, sobretudo expectativa de fluxos e elevado diferencial de juros a favor da moeda brasileira, mas o caminho à frente parece mais instável.
O real sofreu o terceiro pior desempenho entre as principais moedas nesta quinta. Desde segunda-feira – quando o dólar caiu ao menor valor em dois anos no Brasil –, a moeda está entre os destaques negativos no mundo emergente, acompanhada pelo peso chileno. Já o rublo russo lidera a outra ponta, com ganho em torno de 5%.
Em evento nesta quinta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o recente movimento de valorização cambial foi influenciado por uma reação rápida da política monetária à elevação de preços, uma surpresa fiscal positiva no curto prazo, ganhos com o comércio de commodities e investimentos em empresas.
Bruno Capusso, diretor de tesouraria do Banco Fator, acredita que uma nova rodada de fluxo estrangeiro possa se direcionar à renda fixa local, principalmente se o Banco Central parar de subir a Selic. Porém, o especialista não espera que os títulos acumulem uma enxurrada de dinheiro para a bolsa. Esse seria o motivo, na opinião de Bruno, que reduziria chances de o dólar alcançar patamares abaixo de 4,60 reais.
"Temos o diferencial de juros e o fluxo para commodities, mas a gente também tem eleição, tem o fiscal. Há forças ali dos dois lados, e pelo nosso horizonte relevante de informação essas duas forças equilibram ali no 4,60 reais, 4,50 reais", disse.
"Mas, do mesmo jeito, não vejo tampouco muito espaço para o dólar ir muito acima de 5 reais, não, mesmo com o ano de eleição."