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Dólar tem 12ª alta consecutiva e fecha cotado acima dos R$ 4,65

Expectativa de corte de juros e coronavírus pressionam alta da moeda frente ao real

Dólar: moeda americana sobe 1,5% e encerra levemente acima de R$ 4,65 (Marcelo Del Pozo/Reuters)

Dólar: moeda americana sobe 1,5% e encerra levemente acima de R$ 4,65 (Marcelo Del Pozo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2020 às 17h23.

Última atualização em 5 de março de 2020 às 18h30.

São Paulo - Nada parece ser capaz de frear o dólar. Nesta quinta-feira (5), a moeda americana subiu 1,537% e bateu novo recorde nominal de fechamento ao encerrar cotada em 4,651 reais. Com isso, o dólar chegou ao 12º pregão consecutivo de valorização frente ao real, apesar das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio por meio de leilão de swap. Só nesta quinta, foram feitos três.

Para analistas consultados por EXAME, a sequência de altas se deve, principalmente, à possibilidade de o Banco Central promover cortes na Selic. Na terça-feira, após o Federal Reserve anunciar a redução dos juros americanos em caráter emergencial, o BC sinalizou que poderia repetir a medida no Brasil para tentar conter os impactos econômicos do coronavírus.

“O mercado já está precificando no câmbio um corte de 0,25 ponto percentual”, afirmou Jeffersson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus. Segundo ele, “não é impensável ver o dólar chegando a cinco reais”.

Nesta tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes comentou que há a possibilidade da moeda americana ser cotada a 5 reais “se fizer muita besteira”.

Luis Barone, gestor da Ativa, vê espaço para movimentos especulativos em cima das declarações de autoridades econômicas. “O mercado testa para saber em que nível ele vai atuar. Talvez o Banco Central tenha que vender dólar à vista em vez de swap cambial. Seria importante o BC sinalizar ao mercado o que ele vai fazer. O Banco Central tem 300 bilhões de dólares na reserva”, disse.

Para controlar esse movimento especulativo, André Perfeito, economista-chefe da Necton, acredita que o Banco Central deveria deixar o mercado arcar com as consequências de um dólar mais caro. "Cortar os juros e controlar o dólar não é possível Do jeito que está, parece que a autoridade monetária vai 'dar com uma mão e tirar com a outra, o que traz apenas custos adicional", escreveu em relatório.

Para Laatus, a alta do dólar só vai ser amenizada quando a atividade econômica ser retomada e o mundo estiver mais calmo com o coronavírus. Barone, no entanto, acredita que o surto da doença não seja o principal fator para a alta do dólar. "É mais lenha na fogueira. São muitos fatores: juros baixos, declarações do governo crescimento fraco e coronavírus."

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