Moeda americana está perto da maior cotação do ano | Fonte: Craig Hastings/Getty Images (Craig Hastings/Getty Images)
Reuters
Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 17h29.
Última atualização em 21 de dezembro de 2021 às 07h08.
O dólar começou a penúltima semana do ano em firme alta, de forma consistente acima do patamar de 5,70 reais e com fechamento na maior cotação em nove meses. O movimento de alta foi alavancado pelo clima de aversão a risco no exterior no exterior mas também por incertezas sobre o Orçamento no Brasil na véspera do ano eleitoral.
O dólar à vista saltou 1,06% nesta segunda-feira, dia 20, para 5,745 reais na venda. Trata-se do maior patamar desde 30 de março (5,7588 reais).
A demanda por dólar -- ativo considerado de segurança -- se deu em um dia bastante negativo nos mercados financeiros globais, devido a temores de que a variante Ômicron do coronavírus possa forçar a adoção de medidas adicionais de restrição em mais países, potencialmente afetando a recuperação econômica global.
Como reflexo, o petróleo despencou cerca de 3%, em razão da percepção de que o mundo demandará menos energia. Os índices de ações da Bolsa de Nova York e da Nasdaq recuaram mais de 1%, variação expressiva para os padrões locais. Moedas portos seguros, como iene e franco suíço, registraram valorização.
O rali do dólar por aqui não atraiu o Banco Central, diferentemente de sessões passadas, em que a autoridade monetária interveio para prover liquidez ao mercado. Desde novembro, o país perdeu quase 6 bilhões de dólares em câmbio contratado.
A menos de duas semanas do fim do ano, o dólar acumula alta de 1,92% em dezembro, elevando a valorização em 2021 para 10,66%. A moeda caminha para engatar o quinto ano consecutivo de valorização.
O fechamento desta segunda-feira deixou o dólar a apenas 0,83% da máxima do ano -- de 5,7927 reais, alcançada em 9 de março -- e a 2,72% do recorde de 5,9012 reais batido em 13 de maio de 2020.
"O único rali possível até agora é o do dólar", disse um analista de um banco estrangeiro. "[O real] está volátil, disfuncional e perdendo para todos os pares exceto lira [turca]", completou.
"É uma combinação de políticas erradas, fluxo mais forte [de saída], riscos que foram amplificados na curva pelo BC e falta de expectativa de crescimento por causa do juro alto."
O Goldman Sachs considera que, na América Latina, o peso chileno -- que despencou nesta segunda-feira após a eleição de um candidato de esquerda, Gabriel Boric, para presidência do país -- e o real são as moedas com maior prêmio de risco atualmente. A relação retorno/volatilidade da taxa de câmbio brasileira está entre 0,6 e 0,8, portanto, abaixo do padrão histórico. Isso indica que o real está menos interessante agora.
Somando-se às incertezas externas, o mercado analisou as notícias sobre o Orçamento de 2022. A votação do relatório final, que estava prevista para ocorrer às 10h desta segunda-feira pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), foi adiada para terça-feira para que os parlamentares possam fazer ajustes ao texto.
(Com a Redação)