Dólar operava com alta superior a 1 por cento e acima de 3,90 reais nesta sexta-feira (Jose Luis Gonzalez/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 10h47.
São Paulo - O dólar operava com alta superior a 1 por cento e acima de 3,90 reais nesta sexta-feira, com fluxo de saída de recursos potencializando a cautela com o mercado externo, em dia de divulgação de dados do mercado de trabalho norte-americano que podem dar pistas sobre se a trajetória de aumento nos juros nos Estados Unidos pode terminar antes do inicialmente previsto.
Às 10:31, o dólar avançava 1,13 por cento, a 3,9188 reais na venda, depois de tocar a máxima de 3,9254 reais. Nas três sessões anteriores, o dólar havia subido e acumulado alta de 0,85 por cento. O dólar futuro tinha valorização de cerca de 1 por cento.
"Junte uma época de saída de recursos (do país), juros baixos, situação de desconforto no exterior e tem vários motivos para um dólar mais forte", explicou o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O final do ano é uma época em que tradicionalmente há saída de recursos do país, com remessas de lucros e dividendos de empresas a suas matrizes, movimento que pode estar sendo potencializado pela forte aversão ao risco recente no mercado internacional, em boa medida por causa da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Essa saída de recursos, desta forma, está potencializando o viés de alta do dólar ante o real, uma vez que, no mercado externo, as moedas operam "de lado", com pequeno ganho para o dólar, à espera de dados do mercado de trabalho nos EUA.
Os dados divulgados na véspera um pouco mais fracos do que o previsto, juntamente com recursos recentes de integrantes do Federal Reserve sobre a proximidade do juro neutro no país, reforçaram a leitura de que a autoridade monetária dos Estados Unidos pode parar antes o ciclo de aperto monetário.
Assim, o relatório do mercado de trabalho desta sexta-feira pode ser mais combustível nesta interpretação e ajudar a suavizar o viés negativo que predominou nos ativos nos últimos dias, também por causa da inversão da curva de juros norte-americana, que pode ser um sinal de recessão à frente.
O impasse entre EUA e China na guerra comercial, um dia depois que o mundo tomou conhecimento da prisão de uma executiva chinesa a pedido dos norte-americanos, também deixava os investidores na defensiva.
Por ora, o Banco Central não anunciou qualquer intervenção adicional no mercado de câmbio, apesar do movimento de saída de recursos.
Fará, apenas, leilão de até 13,83 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de dezembro, no total de 10,373 bilhões de dólares.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.