O dólar iniciou a quarta-feira em alta ante o real (Gary Cameron/Reuters)
Reuters
Publicado em 21 de novembro de 2018 às 09h19.
Última atualização em 21 de novembro de 2018 às 12h07.
São Paulo - O dólar operava em alta ante o real, num ajuste ao forte movimento de aversão ao risco registrado no exterior na véspera, embora a tentativa de melhora externa nesta sessão contenha o movimento.
Às 11:52, o dólar subia 0,50 por cento, a 3,7835 reais, depois de terminar a segunda-feira em alta de 0,66 por cento, a 3,7645 reais. O dólar futuro tinha valorização de cerca de 0,7 por cento.
"As tensões se elevam com a recente realização de lucros, principalmente de empresas de tecnologia americanas e com a forte derrocada do petróleo", disse a gestora Infinity em relatório ao explicar o movimento da véspera, que teve contribuição ainda da "contínua pressão nos juros americanos, com o ciclo ainda não terminado de aperto monetário".
"A contração econômica, principalmente com a falta de resolução da guerra comercial deixa um contínuo temor de piora à vista", emendou.
Na terça-feira, Dia da Consciência Negra em algumas cidades brasileiras, com os mercados domésticos fechados, as bolsas norte-americanas terminaram com fortes quedas, pressionadas pelo setor de tecnologia, preocupações com o crescimento global e a guerra comercial Estados Unidos e China.
Nesta quarta, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas previsões de crescimento global por causa justamente das tensões comerciais e taxas de juros mais altas.
Agora, projetou que o crescimento global vai desacelerar de 3,7 por cento este ano para 3,5 por cento em 2019 e 2020. Anteriormente, a expectativa era de um crescimento de 3,7 por cento para 2019.
A desaceleração do crescimento global será pior em países não-membros da OCDE, com muitas economias de mercados emergentes provavelmente registrando saídas de capital à medida que o banco central dos EUA aumente gradualmente a taxa de juros. A OCDE reduziu suas perspectivas para países em risco, como Brasil, Rússia, Turquia e África do Sul.
Ainda na terça-feira, o tombo de 6 por cento do preço do petróleo pesou nas ações do setor de energia, embora, nesta quarta-feira, a commodity já esboce recuperação.
O dólar caía ante a cesta de moedas e ampliou a queda após dados fracos sobre a economia norte-americana, como o de encomendas de bens duráveis, que caiu mais do que o previsto no mês passado.
A moeda norte-americana também recuava sobre divisas de países emergentes, como o peso mexicano e o rublo.
Internamente, os investidores também repercutiam nesta sessão as últimas indicações da equipe do novo governo. Na véspera, foi indicado o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) para o Ministério da Saúde.
"O DEM tem se tornado uma peça-chave ao novo governo na sua formação", destacou a gestora Infinity, avaliando que "a equipe econômica continua pautada pela tecnicidade...e continua a agradar ao mercado".
"Tais escolhas são muito importantes, pois a perspectiva de crescimento global mais modesto para os próximos anos se choca com a tentativa de recuperação da economia brasileira, daí a necessidade de bons nomes", concluiu.
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou a criação de uma Secretaria de Privatizações, com o objetivo de acelerar a venda de ativos brasileiros e melhorar a saúde fiscal do país.
Nesta manhã, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou que o novo governo pretende não só reduzir o número de ministérios, como também as estruturas das pastas.
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 8,160 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.