Dólar: "Um aumento dos juros nos Estados Unidos em março está amplamente precificado" (Alex Wong/Getty Images)
Reuters
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 17h14.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 17h22.
São Paulo - O dólar encerrou a quarta-feira com leve baixa ante o real, mas subiu quase 2 por cento em fevereiro em meio ao avanço da percepção de que o banco central norte-americano pode elevar os juros mais rapidamente do que o esperado, preocupação que deve continuar no foco dos agentes.
O dólar recuou 0,22 por cento, a 3,2428 reais na venda, encerrando fevereiro em alta de 1,97 por cento, maior aumento mensal desde outubro passado (+3,32 por cento). Mas no ano, o dólar acumula perdas de 2,16 por cento.
Na mínima desta sessão, a moeda norte-americana foi a 3,2356 reais e, na máxima, a 3,2532 reais. O dólar futuro registrava baixa de cerca de 0,30 por cento no final da tarde.
"Um aumento dos juros nos Estados Unidos em março está amplamente precificado, mas investidor vai olhar o comunicado para ver como será daí para a frente", afirmou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
Na véspera, no seu primeiro depoimento ao Congresso dos Estados Unidos desde que assumiu o Federal Reserve, Jerome Powell afirmou que, pessoalmente, via que a perspectiva sobre a atividade econômica nos Estados Unidos havia se fortalecido de dezembro para cá e que sua confiança estava maior de que a inflação subiria.
Isso ampliou a leitura de que os juros na maior economia do mundo podem subir quatro vezes neste ano, e não três como indicou o Fed antes, o que poderia atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.
O próximo encontro de política monetária do Fed acontecerá em março e a curva de juros dos Estados Unidos estavam amplamente precificadas para aumento, o primeiro deste ano, neste encontro.
"Mesmo que o Fed sinalize quatro altas, acredito que o dólar seguirá oscilando entre 3,20 reais e 3,30 reais, porque o embarque da safra agrícola local deve favorecer o ingresso de recursos", acrescentou Rodrigues.
Nesta quinta-feira, primeiro pregão de março, o mercado novamente se voltará para outro depoimento de Powell, desta vez no Senado norte-americano, onde deve repetir o discurso preparado na terça-feira, mas com nova rodada de perguntas e respostas.
"Se Jerome Powell quiser mudar a impressão que deixou, terá uma nova chance amanhã, quando falará aos senadores", ponderou a Advanced Corretora em relatório.
No exterior, o dólar subia ante a cesta, depois de ter atingido a máxima em três semanas após o depoimento de Powell.
O dólar, no entanto, recuava ante algumas divisas de países emergentes, como o peso mexicano, o rublo e a lira turca.
Nesta pregão, o Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado cambial. Em 2 de março, vencem 1,5 bilhão de dólares de contratos de venda com compromisso de recompra, informou a assessoria da instituição.
Na véspera, o BC concluiu a rolagem do vencimento de 6,154 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional com vencimento em março. Em abril, vencem outros 9,029 bilhões de dólares.