Um avanço interno do dólar pode ser limitado pelo posicionamento dos bancos e investidores, que apostaram na queda da divisa dos EUA neste fim de mês (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 09h07.
São Paulo - O dólar no mercado doméstico abriu alinhado com a valorização generalizada da moeda norte-americana no exterior em meio a preocupações renovadas com a Espanha e a queda do petróleo e das commodities agrícolas. A expectativa nas mesas de câmbio é de que a moeda americana pode ter um ajuste positivo ante o real durante a sessão, mas em ritmo mais moderado do que o registrado em relação a outras moedas internacionais em razão de fatores técnicos internos.
O dólar à vista no balcão abriu em alta de 0,15%, a R$ 2,0270 e, às 9h26, registrou uma máxima de R$ 2,0280 (+0,20%). No mercado futuro, às 9h27, o dólar para novembro de 2012 registrou mínima de R$ 2,0295, alta de 0,07%, sendo que a máxima foi de R$ 2,0320 (+0,20%). Este vencimento abriu a R$ 2,0310 (+0,15%).
Teoricamente, há espaço para o dólar subir, afirmou um operador de um banco, lembrando que o fluxo cambial em outubro está negativo até o dia 11 em aproximadamente US$ 1,3 bilhão. Na segunda-feira (22), a moeda americana à vista encerrou a R$ 2,0240 - menor valor desde 4 de outubro, dia em que rompeu o piso informal de R$ 2,02 e fechou a R$ 2,019.
No entanto, como no próximo dia 1º de novembro vencem cerca de US$ 3 bilhões em contratos de swap reverso (equivalentes à compra de dólar no mercado futuro) e há interesse do mercado em que o Banco Central renove esse compromisso, pode haver certa pressão para que o dólar ceda, avaliou o mesmo profissional. Se o movimento se confirmar e a moeda ameaçar romper novamente o piso informal de R$ 2,02, contrariando o comportamento externo de alta, é possível que o BC realize um leilão de swap reverso para rolagem desse vencimento, a fim de impedir eventual alta do real decorrente da não renovação desse compromisso, afirmou essa fonte.
Um avanço interno do dólar nesta terça-feira também pode ser limitado pelo posicionamento dos bancos e investidores, que apostaram na queda da divisa dos EUA neste fim de mês, por isso, carregam posições vendidas em derivativos cambiais. Até segunda-feira, os bancos tinham posição vendida líquida em cupom cambial DDI e dólar futuro de cerca de US$ 9,636 bilhões e os não-residentes, de US$ 4,151 bilhões, enquanto os fundos de investimentos estavam comprados líquidos nesses mercados em cerca de US$ 12,785 bilhões.
A disputa entre esses agentes do mercado deve ser acirrada nestes próximos dias a fim de tentar maximizar seus ganhos até o vencimento desses contratos, em 1º de novembro. Portanto, até o próximo dia 31 de outubro, os "vendidos" vão tentar enfraquecer o dólar, enquanto os comprados farão força para que a moeda suba. Vale lembrar, ainda, que os bancos também estão vendidos em dólar no mercado à vista em cerca de US$ 400 milhões até o dia 11.
Daqui a pouco, às 10h30, o Banco Central deve atualizar os dados de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil. Levantamento do AE Projeções aponta uma previsão de ingresso de US$ 3,5 bilhões a US$ 4,8 bilhões, com mediana de US$ 4 bilhões. A nota do setor externo em setembro trará ainda o saldo das transações correntes e a mediana das previsões para esse dado é de um resultado negativo de US$ 2,4 bilhões.
Na zona do euro, as bolsas amargam fortes quedas esta manhã, pressionadas pela projeção do Banco Central da Espanha de que a recessão no país será ainda mais profunda no terceiro trimestre. Além disso, pesa negativamente sobre o sentimento dos investidores o rebaixamento do rating de algumas regiões do país ibérico pela Moody's, anunciado ontem.
Em Nova York, os contratos futuros do petróleo, que já vinham operando em baixa desde cedo, ampliaram as perdas em linha com os mercados acionários europeus. Às 9h12 (de Brasília), o contrato do petróleo do tipo Brent para dezembro caía 0,65%, para US$ 108,73 o barril, na plataforma ICE, em Londres. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do petróleo para dezembro recuava 1,14%, para US$ 87,64 o barril.
No final da tarde, às 18h30 (de Brasília), o American Petroleum Institute (API) divulgará a pesquisa semanal dos estoques de petróleo dos EUA. Os investidores também devem acompanhar à tarde o início da reunião de política monetária do Federal Reserve, que será encerrada amanhã.
Em Nova York, às 9h32, o euro caía a US$ 1,3013, de US$ 1,3061 no fim da tarde de ontem. O dólar norte-americano subia em relação ao dólar australiano (+0,58%), o dólar canadense (+0,43%), a rupia indiana (+0,50%) e o dólar neozelandês (+0,61%).