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Dólar sobe, fecha abaixo de R$ 2, atento a BC e Fazenda

Leilão do Banco Central e pronunciamento de Mantega estimularam a moeda norte-americana em direções opostas nesta quarta-feira


	Dólar: a divisa norte-americana encerrou a sessão a R$ 1,99, avançando 0,20%
 (Getty Images)

Dólar: a divisa norte-americana encerrou a sessão a R$ 1,99, avançando 0,20% (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 17h06.

Em meio às preocupações com a inflação, o mercado de câmbio recebeu nesta quarta-feira estímulos divergentes do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC).

Logo após o ministro Guido Mantega afirmar que o câmbio não é um instrumento para controlar a inflação, o Banco Central anunciou um leilão de linha (venda de moeda estrangeira com compromisso de recompra). Assim, se com a fala de Mantega durante a manhã a moeda norte-americana no balcão chegou a retomar os R$ 2,00, com a atuação do BC, desacelerou os ganhos, para fechar cotada a R$ 1,99, em alta de 0,20%.

Na cotação mínima, no começo do dia, o dólar atingiu no balcão R$ 1,9840 e, na máxima, após a fala de Mantega, R$ 2,0000 (+0,70%). Às 17h01 (horário de Brasília), a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 2,935 bilhões. O dólar pronto da BM&F, com quatro negócios, fechou em alta de 0,32%, a R$ 1,9915. No mercado futuro, o dólar com vencimento em fevereiro era cotado a R$ 1,9880, com ganho de 0,08%.

Durante a manhã, em encontro com os prefeitos eleitos em Brasília, Mantega negou que o governo tenha alterado a política cambial. "É uma política que não permitirá uma valorização especulativa do real. Isso veio para ficar", afirmou. "Desde que flutue em um patamar que mantenha a competitividade da indústria e das exportações, pode flutuar perfeitamente." Além disso, o ministro afirmou que "o câmbio caminha para um patamar mais equilibrado espontaneamente, com menos intervenções do governo".

Pouco depois, o BC interveio. A autoridade monetária anunciou, perto das 13h30, um leilão de linha com recompra para 1º de abril, no montante de até US$ 1,273 bilhão. A taxa de câmbio utilizada para a venda de dólares por parte do BC foi de R$ 1,9900, sendo que a recompra das divisas em 1º de abril ficou em R$ 2,005795.


A reação ao leilão foi de desaceleração do dólar ante o real. Profissionais do mercado estranharam, inclusive, o aparente descompasso entre a fala de Mantega - que trouxe um viés de alta para o dólar - e a venda de moeda com compromisso de recompra - que favoreceu a baixa.

Ainda assim, para alguns analistas, a atuação do BC é justificada por fatores técnicos, e não necessariamente pela necessidade de segurar a inflação via câmbio. O economista Alfredo Barbutti, da BGC Liquidez Corretora, lembrou que a posição técnica dos bancos é vendida tanto no mercado à vista quanto no futuro. Mais cedo, o Banco Central informou que o fluxo cambial está negativo em janeiro, até o dia 25, em US$ 2,692 bilhões. Em dezembro, o fluxo foi negativo em US$ 6,755 bilhões.

"Quando o Banco Central fez leilões de linha em dezembro, ele dizia que o problema era fluxo, porque havia saída de recursos no fim do ano. A ideia era acomodar a situação em determinadas datas, na expectativa de que o fluxo melhorasse em janeiro", comentou Barbutti. Como o fluxo não melhorou e como os bancos acusam uma posição vendida no mercado à vista (spot) perto de US$ 9 bilhões, restou ao BC voltar a irrigar o mercado nesta quarta-feira.

A percepção do mercado, no entanto, foi contestada pelo próprio governo. Fonte da equipe econômica ouvida pela Agência Estado afirmou que o leilão de linha do Banco Central teve como única intenção testar o apetite dos investidores em relação à moeda norte-americana. Segundo a fonte, o apetite "foi nulo" e, portanto, os dólares resultantes do vencimento de linha do próximo dia 1º de fevereiro retornarão para as reservas internacionais.

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