Dólar: na máxima desta sessão, a moeda norte-americana foi a 3,5549 reais (Gary Cameron/File Photo/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2018 às 17h19.
Última atualização em 2 de maio de 2018 às 19h44.
São Paulo - O dólar fechou esta quarta-feira com alta de mais de 1 por cento e muito perto do patamar de 3,55 reais, o maior em quase dois anos, com o cenário externo ainda pesando após o banco central dos Estados Unidos não reduzir expectativas de que os juros podem subir mais do que o esperado no país.
O dólar avançou 1,30 por cento, a 3,5491 reais na venda, maior nível desde 2 de junho de 2016 (3,5875 reais) e maior avanço percentual desde o dia 9 passado (+1,60 por cento).
Na máxima desta sessão, a moeda norte-americana foi a 3,5549 reais, também maior nível intradia desde junho de 2016. Em abril, o dólar já havia subido 6,16 por cento, maior valorização mensal em quase um ano e meio.
O dólar futuro alta de cerca de 1,20 por cento no final da tarde.
"As autoridades (do Fed) continuam no caminho para aumentar as taxas novamente em junho e esperamos mais duas altas de 0,25 ponto percentual no segundo semestre deste ano", trouxe a empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics, em relatório.
E acrescentou que, com o mercado de trabalho ainda forte e o recente estímulo fiscal, "as perspectivas para os gastos do consumidor e a atividade permanecem razoavelmente claras".
O Federal Reserve, banco central do país, deixou a taxa de juros inalterada nesta tarde e expressou confiança de que o recente aumento da inflação para nível próximo à meta de 2 por cento será sustentado, mantendo o curso para elevar os custos de empréstimo em junho.
Em decisão unânime, o Fed manteve a taxa de empréstimo na faixa entre 1,5 e 1,75 por cento, depois de a ter elevado em março. O banco central prevê atualmente mais dois aumentos dos juros este ano, embora número crescente de autoridades veja três como possível.
Nos últimos dias, cresceu o temor nos mercados globais de que o Fed pode elevar os juros mais vezes neste ano diante de sinais de melhor desempenho da economia e inflação maior.
Mais juros nos Estados Unidos podem afetar o fluxo global de recursos, tirando dinheiro de praças como a brasileira e encarecendo o dólar ante o real.
NO exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e também sobre divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
O cenário doméstico também ajudou a pressionar o dólar ante o real, sobretudo com preocupações com a cena política local a poucos meses das eleições presidenciais de outubro.
"Vemos crescimento (econômico) patinando, indefinições sobre as eleições, nossa moeda vem sofrendo", destacou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
Apesar do dólar no patamar de 3,55 reais, o Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão. Segundo profissionais, a expectativa é de que o BC role integralmente o vencimento de junho de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro. O volume total é de 5,650 bilhões de dólares.
Vencem ainda na quinta-feira 2 bilhões de dólares em leilão de linha, que é a venda de dólares com compromisso de recompra.