Dólar: o dólar futuro tinha alta de cerca de 1,15% no final da tarde (iStock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 17h35.
São Paulo - O dólar subiu mais de 1 por cento e foi a 3,23 reais nesta segunda-feira, maior patamar em mais de quatro meses, com cautela antes da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados e com expectativa sobre a possibilidade de novas altas de juros nos Estados Unidos.
O dólar avançou 1,29 por cento, a 3,2311 reais na venda, após bater 3,2396 reais na máxima do dia. Foi o maior nível de fechamento desde 11 de julho, quando a moeda norte-americana ficou em 3,2532 reais.
O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,15 por cento no final da tarde.
"A expectativa é que o governo ganhe, mas a votação vai determinar o viés do mercado. Se o placar for ruim, haverá viés pessimista, pois ficará mais difícil aprovar a reforma da Previdência", disse o operador da corretora H. Commcor, Cleber Alessie Machado. "E essa é a última chance, caso contrário ficará para o próximo governo", acrescentou.
Na quarta-feira, os deputados votam em plenário a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, dessa vez por obstrução de Justiça e formação de quadrilha.
Os investidores acompanham atentos esse processo diante de dúvidas sobre qual o capital político que o governo terá para dar continuidade às reformas no futuro próximo, sobretudo à da Previdência.
O próprio Planalto trabalhava com a possibilidade concreta de ter votação menor em plenário na segunda denúncia, algo entre 240 e 250 votos. Na primeira votação, foram 263 votos favoráveis ao presidente.
Por isso, Temer e sua tropa de choque continuavam negociando com parlamentares de olho na votação.
No exterior, a moeda norte-americana também subia, uma vez que os investidores seguiram atentos à sucessão do Federal Reserve, banco central norte-americano.
No início da tarde, o presidente dos Estados Unidos, Dolnald Trump, disse que está "muito, muito perto" de tomar decisão sobre chair do Fed.
Trump tem dito que ainda avaliava pelo menos três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual chair do Fed, Janet Yellen.
Taylor defende uma política monetária mais rígida, o que tem deixado os mercados em alerta para eventual alta nos juros além do esperado.
Mais juros tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças financeiras, como a brasileira.
Lá fora, o dólar subia frente a uma cesta de moedas e outras divisas de países emergentes, como o peso chileno.
"Não há muita novidade, são os dois motivos: incerteza quando ao próximo chair do Fed e o Orçamento nos EUA", disse o economista da Renascença Corretora, Marcos Pessoa.
Na semana passada, o Congresso norte-americano aprovou um esboço do Orçamento de 2018 que abre espaço para redução de impostos que planeja Trump, o que pode acabar alimentando a inflação e, assim, levar o Fed a elevar ainda mais os juros.
(Por Thaís Freitas e Laís Martins)