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Dólar sobe ante real com temor sobre indústria de carnes no país

Às 10:24, a moeda americana avançava 0,22 por cento, a 3,1075 reais na venda, depois de ter recuado 0,47 por cento no pregão passado

Dólar: mercado financeiro estava cauteloso também pelo cenário político do Brasil após a lista de Rodrigo Janot (Ingram Publishing/Thinkstock)

Dólar: mercado financeiro estava cauteloso também pelo cenário político do Brasil após a lista de Rodrigo Janot (Ingram Publishing/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 20 de março de 2017 às 10h35.

São Paulo - O dólar operava em leve alta ante o real nesta segunda-feira, com investidores cautelosos com a possibilidade de entrada de menos recursos no país por conta de exportações menores em decorrência da operação Carne Fraca, que desvendou fraude em fiscalizações sanitárias de carnes.

Às 10:24, o dólar avançava 0,22 por cento, a 3,1075 reais na venda, depois de ter recuado 0,47 por cento no pregão passado. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,40 por cento.

"A exportação de carne é relevante na balança comercial e países já embargaram o produto brasileiro", afirmou o operador da mesa de câmbio do banco Ourinvest Bruno Foresti.

Ele referia-se à Coreia do Sul, que barrou temporariamente as vendas de produtos da BRF e anunciou que vai intensificar a fiscalização da carne de frango importada do Brasil. Além disso, a Comissão Europeia informou mais cedo que todas as empresas envolvidas no escândalo terão acesso negado ao mercado da União Europeia.

E, segundo uma fonte ouvida pela Reuters, a China também suspendeu temporariamente as importações de carne brasileira após o escândalo.

Na sexta-feira, a Polícia Federal lançou operação para desarticular uma organização criminosa envolvendo fiscais agropecuários federais e cerca de 40 empresas, entre elas as gigantes JBS e BRF, com fraudes na fiscalização sanitária de carnes, escândalo que traz preocupação aos consumidores domésticos e ameaça o status do Brasil como grande exportador.

As exportações de carnes do Brasil (bovina, suína e de frango) subiram de cerca de 2 bilhões de dólares em 2000 para aproximadamente 14 bilhões de dólares no ano passado.

"Há ainda preocupação de que o esquema ainda atinja políticos, em mais um temor sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional", acrescentou Foresti.

O mercado financeiro estava cauteloso também pelo cenário político, já abalado pela lista do procurado-geral da República, Rodrigo Janot, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada com pedidos de abertura de inquérito contra políticos da base e ministros do presidente Michel Temer.

O medo é de que votações importantes sejam afetadas no Congresso Nacional, com destaque para a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.

No exterior, o dólar exibia leves oscilações ante uma cesta de moedas. O clima era de cautela depois da decisão do G20 de retirar a promessa para evitar o protecionismo comercial, concordando com o protecionismo cada vez maior dos Estados Unidos.

O Banco Central brasileiro realiza nesta sessão novo leilão de até 10 mil swaps tradicionais --equivalente à venda futura de dólares --para rolagem dos contratos de fevereiro.

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