Dólar: moeda oscilou com influência da piora externa com o tombo dos preços do petróleo (Sertac Kayar/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de novembro de 2018 às 17h08.
Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 17h24.
São Paulo - O dólar terminou a terça-feira, 13, no maior patamar em mais de um mês ante o real, sob influência da piora externa com o tombo dos preços do petróleo e ainda com os investidores atentos ao noticiário doméstico, após indicações do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre inviabilidade de votação da reforma da Previdência neste ano.
O dólar avançou 1,99 por cento, a 3,8313 reais na venda, maior patamar desde 5 de outubro, último pregão antes do primeiro turno das eleições, quando terminou em 3,8570 reais. Na mínima, marcou 3,7542 reais e, na máxima, 3,8323 reais. O dólar futuro tinha alta de 1,21 por cento.
"Petróleo, exterior e feriado", resumiu o operador da Advanced Corretora Alessandro Faganello para justificar a alta do dólar ante o real nesta sessão. Profissionais comentaram ainda que um fluxo pontual de saída de recursos ajudou a pressionar o dólar, bem como a liquidez mais enxuta por causa de dois feriados, na quinta-feira e na próxima terça-feira.
Os preços do petróleo tombaram nesta sessão, com queda de mais de 6 por cento, devido a preocupações sobre o enfraquecimento da demanda global, excesso de oferta e vendas em outras classes de ativos, incluindo ações.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou na segunda-feira a Organização dos Países Exportadores de Petróleo a não cortar a oferta para sustentar o mercado. Isso veio depois dos relatos de que a Arábia Saudita estava considerando um corte de produção na reunião da Opep em dezembro, com o aumento do alarme de que a oferta começou a superar o consumo. O forte recuo do preço do petróleo acabou pressionando para baixo outras commodities e moedas de países emergentes, entre elas o real.
O andamento da reforma da Previdência também preocupava os investidores nesta sessão depois que, na véspera, o presidente eleito Jair Bolsonaro reconheceu que dificilmente ela será aprovada neste ano. Fonte da equipe de transição disse nessa tarde que o novo governo terá que fazer duas reformas, uma do modelo atual e outra para implantar um novo regime, caso nada seja aprovado para alterar o sistema previdenciário este ano.
"Por mais que o mercado precificasse que a reforma da Previdência não sairia este ano, havia alguma expectativa e, com ela caminhando para a não votação, gera algum desconforto", afirmou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer. Os investidores ainda seguiam atentos às indicações de nomes para a formação do futuro governo, com especial atenção sobre o comando do Banco Central.
Nesta manhã, Bolsonaro anunciou a indicação do general da reserva do Exército Fernando Azevedo e Silva, atual assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para o cargo de ministro da Defesa. À tarde, disse que está na iminência de anunciar os nomes dos ministros das Relações Exteriores e Meio Ambiente.
Mais cedo, um cenário externo totalmente positivo predominou sobre os negócios, com o sinal de baixa do dólar ante outras divisas também ecoando sobre o real, em dia de maior otimismo sobre as relações comerciais entre Estados Unidos e China. Na sexta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, retomou as discussões com o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, com os dois conversando por telefone, informou o jornal Wall Street Journal na segunda-feira citando fontes. Além disso, o South China Morning Post informou que o principal negociador comercial da China, Liu He, pode visitar Washington para se preparar para as conversas entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 na Argentina neste mês.
Com o mau humor predominando à tarde, ficou em segundo plano o encontro do gabinete da primeira-ministra britânica, Theresa May, na quarta-feira para uma reunião sobre o Brexit depois que o Reino Unido e a União Europeia aprovaram um texto preliminar sobre o acordo de separação do país do restante do bloco. Essa notícia, no entanto, içou o euro e a libra, mantendo o dólar em queda ante a cesta de moedas
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 5,44 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.