Mercados

Dólar sobe à máxima desde setembro; BC mantém ação branda

A moeda norte-americana subiu 0,29 por cento, para 1,724 real

Na semana, o dólar acumulou valorização de 2,62 por cento (Alex Wong/Getty Images)

Na semana, o dólar acumulou valorização de 2,62 por cento (Alex Wong/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2010 às 18h38.

São Paulo - A incerteza com a dívida da Irlanda e com a política de juros da China manteve a tendência de alta do dólar nesta sexta-feira, permitindo pelo segundo dia uma atuação mais branda do Banco Central.

A moeda norte-americana subiu 0,29 por cento, para 1,724 real. É a maior cotação de fechamento desde 20 de setembro. Na semana, o dólar acumulou valorização de 2,62 por cento. Em novembro, a alta é de 1,23 por cento.

O movimento ocorreu em linha com o cenário internacional. As commodities, uma dos principais fontes de dólares para o Brasil, despencavam 3,4 por cento no mercado externo, após sinais de que a China anunciará em breve mais um aumento da taxa de juros. Soja e milho chegaram a atingir limite de baixa na bolsa de Chicago, e o açúcar despencou mais de 9 por cento no mercado futuro em Nova York.

Na Europa, o euro oscilou ao sabor das notícias sobre a Irlanda. Pela manhã, a moeda sofreu com rumores de que Dublin pediria ajuda financeira para honrar a dívida, a exemplo do ocorrido na Grécia. Mais tarde, o euro se recuperou com o desmentido de autoridades irlandesas e europeias.

De toda forma, os episódios mantiveram os investidores com a cautela dos últimos dias. O operador de câmbio de um banco, que não quis ser identificado, chamou a atenção para a aposta menor dos estrangeiros na valorização do real, com diminuição de quase 4 bilhões de dólares em posições vendidas na moeda norte-americana na BM&FBovespa nos últimos quatro dias.

"É como se tivesse encontrado um fundo. Você vê que as commodities estão caindo também. Dá a impressão de que segue, até o fim do ano, um cenário de correção das distorções que houve no mercado no segundo semestre", disse.

Somando os mercados de dólar futuro e cupom cambial (DDI), os estrangeiros tinham na quinta-feira 11,462 bilhões de dólares em posições vendidas. O fluxo no mercado à vista também é mais escasso no mês, com saldo negativo de 1,406 bilhão de dólares no mês até a última sexta-feira.

BC repete intervenção amena

O cenário mais propício à alta do dólar permitiu que o Banco Central fizesse apenas um leilão de compra de dólares, pelo segundo dia seguido. A taxa de corte foi de 1,7231 real.

"Eles estão poupando um pouco de bala. Estão vendo que o mercado está indo sozinho. Eventualmente, em momentos de mais estresse, eles podem intervir com mais vontade."

De fato, a percepção é de que o governo tem no gatilho medidas adicionais contra a valorização do real, caso o dólar retome a tendência anterior de queda. A reunião do G20, na Coreia do Sul, terminou sem um plano de ação multilateral para enfrentar os desequilíbrios cambiais e econômicos no mundo.

Os analistas Michael Gavin, Alanna Gregory e Jose Wynne, do Barclays, porém, mencionam que o governo precisa levar em conta a inflação de alimentos e commodities antes de agir com muita intensidade no mercado de câmbio. Caso contrário, correm o risco de fomentar a alta dos preços com o dólar mais caro.

"O foco em competitividade, em um ambiente global mais inflacionário, aumenta o risco", afirmaram. 

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarEuroMoedas

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol