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Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2013 às 17h42.
São Paulo - O dólar voltou a fechar com alta de mais de 1 % ante o real nesta sexta-feira, próximo às máximas do dia, apesar das atuações do Banco Central, movimento que tende a continuar no curto prazo, segundo a avaliação de especialistas.
A moeda norte-americana ganhou 1,63 % nesta sessão, a 2,2317 reais na venda, após atingir 2,2345 reais na máxima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 3,6 bilhões de dólares.
Com isso, em junho, o dólar acumulou alta de 4,17 % ante o real. No trimestre encerrado neste mês, o avanço ficou em 10,40 %, o maior desde o segundo trimestre de 2012, quando a moeda norte-americano subiu 10,65 %.
No ano, até junho, a divisa ganhou 8,97 %.
"À medida que se aproxima do momento em que o Fed começará a reduzir os estímulos, vamos ter uma nova rodada de desvalorização das moedas ante o dólar", afirmou o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rosgtagno.
Os mercados ficaram estressados, sobretudo nas últimas semanas, diante dos sinais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode reduzir seu programa de compra de ativos ainda neste ano, o que diminuiria a liquidez internacional.
Nos últimos dias, integrantes do Fed saíram a público para tentar acalmar os mercados, afirmando que talvez o início das reduções dos estímulos não estaria tão perto.
Nesta sessão, porém, o pessimismo nos mercados globais havia voltado a crescer diante das declarações de Jeremy Stein, integrante do Fed, que citou setembro como uma possível data para reavaliar o estímulo do banco central.
Contra uma cesta de divisas, a moeda norte-americana avançava 0,32 % no final desta tarde, enquanto o dólar australiano perdia 0,43 % em relação à moeda norte-americana.
O BC atuou duas vezes no mercado durante a manhã para tentar conter o fortalecimento da divisa dos Estados Unidos, vendendo total de 80 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalentes a venda de dólares no mercado futuro--, mas a moeda norte-americana continuou pressionada pelo mau humor na cena externa.
Durante a tarde, segundo operadores ouvidos pela Reuters, o BC fez ainda uma pesquisa de demanda para um leilão de linha. Procurada, a assessoria de imprensa da autoridade monetária informou que não pode comentar o assunto.
O BC tem atuado com força nas últimas semanas para tentar segurar altas maiores do dólar, que chegou à casa dos 2,25 reais neste mês, o maior patamar em 4 anos.
"O BC tem atuado na ponta vendedora, mas dificilmente essas medidas vão surtir efeitos. A moeda deve seguir pressionada", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.
Segundo ele, a tendência de fortalecimento do dólar é global devido às incertezas com o Fed, mas deve ser ainda mais acentuada no mercado doméstico devido às dúvidas também sobre a condução da política fiscal brasileira.
Nesta sexta-feira, o BC piorou suas projeções sobre as contas públicas neste ano, deixando claro seu desconforto com os rumos incertos da política fiscal ao trabalhar agora com três cenários diferentes para este indicador.
Mais cedo nesta sessão, a disputa pela Ptax também deu força à valorização do dólar e, nem mesmo após a sua formação por volta das 13h, a pressão sobre o câmbio deu trégua. A Ptax é uma taxa média calculada pelo BC e usada com referência na liquidação de diversos contratos de câmbio e derivativos.