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Dólar sobe 1,82% e se aproxima de R$ 3,60

O dólar fechou em alta superior a 1,80 por cento e voltou a se aproximar de 3,60 reais

Romero Jucá, do PMDB: Jucá teria aventado um pacto contra a Operação Lava Jato (Antonio Cruz/ABR)

Romero Jucá, do PMDB: Jucá teria aventado um pacto contra a Operação Lava Jato (Antonio Cruz/ABR)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2016 às 17h39.

São Paulo - O dólar fechou em alta de quase 2 por cento e voltou a se aproximar de 3,60 reais nesta segunda-feira, reagindo a temores de que a campanha pelo reequilíbrio das contas públicas brasileiras sofra mais um impasse após notícia sugerir que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, teria aventado um pacto contra a Operação Lava Jato.

O dólar avançou 1,82 por cento, a 3,5823 reais na venda, após atingir 3,5900 reais na máxima desta sessão.

"A política continua falando mais alto do que a economia. A oposição vai cair matando no Congresso e existe a possibilidade concreta de (Jucá) ser afastado", disse o operador da corretora Ativa Arlindo Sá.

"Perder um soldado já na largada seria muito ruim para a credibilidade desse governo, ainda mais por acusações de obstrução de Justiça", acrescentou.

O ministro sugeriu em conversas gravadas de forma oculta com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em março, que uma mudança no governo federal resultaria em pacto para "estancar a sangria" da operação Lava Jato, que investiga ambos, informou o jornal Folha de S.Paulo.

Jucá negou que tenha sugerido um acordo para deter o progresso das investigações de corrupção, dizendo que as frases da conversa foram "pinçadas e colocadas fora do contexto".

Mas poucos minutos antes do fechamento do mercado à vista, Jucá anunciou que se licenciará da pasta até que o Ministério Público se manifeste sobre a conversa. O dólar futuro reduziu os ganhos e subia cerca de 1,4 por cento no fim da tarde, após estar avançando cerca de 2 por cento pouco antes das 17:00.

O ministro é um dos principal interlocutores do governo do presidente interino Michel Temer com o Congresso e está encarregado de buscar apoio a medidas para colocar a economia nos eixos.

"Ninguém quer pagar para ver se o governo vai lidar bem com isso. Na dúvida, você se protege", disse o superintendente de derivativos da corretora de um banco nacional.

Está previsto que a Comissão Mista do Orçamento (CMO) vote nesta segunda-feira a nova projeção de déficit primário deste ano, no primeiro desafio político no Congresso Nacional do governo interino de Michel Temer.

Na noite de sexta-feira passada, o governo anunciou que pedirá ao Congresso autorização para fechar 2016 com déficit primário recorde de 170,5 bilhões de reais. A proposta inclui o desbloqueio de 21,2 bilhões de reais em contingenciamentos anunciados na gestão da presidente Dilma Rousseff.

Embora o número fosse em certa medida esperado pelo mercado, operadores se decepcionaram com a falta de anúncio de medidas concretas para reduzir o rombo.

"O novo governo Temer precisa alcançar um equilíbrio delicado, anunciando novas medidas e ao mesmo tempo assegurando apoio no Congresso", escreveram analistas do banco JPMorgan em nota a clientes. "O governo precisa demonstrar progresso constante ou corre o risco de frustrar as expectativas".

Apesar do quadro de incertezas políticas, estrategistas da corretora Nomura Securities acreditam que a economia brasileira tende a caminhar para a recuperação no médio prazo, recomendando a investidores que apliquem no país para aproveitar essa tendência.

Especificamente, a Nomura sugeriu que investidores tomem emprestado em euro e apliquem em contratos a termo de real.

O Banco Central não realizou nesta sessão qualquer intervenção cambial, mantendo-se ausente do mercado pela terceira sessão seguida.

Texto atualizado às 17h39

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