Dólar: "O mercado estava duvidando um pouco do Fed", disse analista (Andrew Harrer/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 26 de setembro de 2017 às 17h40.
São Paulo - O dólar encerrou a terça-feira no maior patamar em mais de um mês, na casa de 3,16 reais, influenciado pelo exterior, após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, ter reforçado a possibilidade de mais uma alta de juros nos Estados Unidos neste ano, e em meio a tensões geopolíticas entre os norte-americanos e a Coreia do Norte.
O dólar avançou 0,29 por cento, a 3,1666 reais na venda, maior nível desde os 3,1810 reais de 22 de agosto. Na máxima, a moeda atingiu 3,1756 reais e, na mínima, 3,1530 reais. O dólar futuro subia 0,20 por cento.
"O mercado estava duvidando um pouco do Fed, já que ele tem um histórico de discursos mais 'hawkish' não cumpridos, mas até quando ele vai duvidar?", questionou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin.
Em sua fala, Yellen disse que o banco central norte-americano precisa continuar com altas graduais dos juros apesar das amplas incertezas sobre a trajetória de inflação, mas reconheceu as dificuldades do Fed em prever uma de suas principais metas de política monetária.
Após as declarações, os juros futuros passaram a precificar 78 por cento de chances de uma nova alta de juros neste ano, no encontro de política monetária de dezembro, mostrava a ferramenta FedWatch, do CME Group. O Fed já elevou os juros duas vezes este ano, para o intervalo de 1-1,25 por cento ao ano.
No exterior, o dólar, que já trabalhava em alta, atingiu a máxima da sessão após a fala de Yellen ante uma cesta de moedas. Também subia ante moedas emergentes como os pesos chileno e mexicano.
O avanço também era sustentado pelas tensões entre EUA e Coreia do Norte e após o dado da confiança do consumidor. Os EUA afirmaram que seguem com os esforços diplomáticos para lidar com a crise com os norte-coreanos, enquanto estes, aparentemente, reforçaram as defesas em sua costa leste.
Internamente, a moeda perdeu força depois de atingir a máxima da sessão, em meio a um fluxo vendedor.
"A tendência de baixa ainda não foi revertida. Em geral, ao redor de 3,15 reais atrai vendedores", explicou o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.
Os investidores também acompanharam a leitura da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados. A preocupação refere-se aos potenciais impactos na agenda de reformas do governo, principalmente a da Previdência.
"Como...continuam as articulações em busca por apoio ao presidente, as chances de andamento da reforma da Previdência diminuem, o que pode influenciar negativamente o humor dos mercados dependendo do andar das negociações", apontou a Advanced Corretora em relatório.
O BC vendeu integralmente a oferta de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda futura de dólares-- no leilão para rolagem do vencimento de outubro. Desta forma, até agora já foram rolados 4,8 bilhões de dólares do total de 9,975 bilhões de dólares que vence no mês que vem.