Dólar: "Houve um movimento especulativo no final da manhã, com o BCE e, sobretudo, pela compra de importadores" (leviticus/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2016 às 17h21.
São Paulo - O dólar teve uma sessão de sobe e desce nesta quinta-feira, fechando o dia com alta ante o real, influenciado pela perspectiva de adiamento do processo de aumento de juros nos Estados Unidos e pela compra de moeda norte-americana por importadores atraídos pelos preços atrativos.
O dólar avançou 0,07 por cento, a 3,2104 reais na venda, após despencar mais de 2 por cento no pregão anterior. Na mínima da sessão, a moeda norte-americana bateu em 3,1656 reais e, na máxima, atingiu 3,2187 reais.
O dólar futuro tinha alta de cerca 0,50 por cento nesta tarde.
"Houve um movimento especulativo no final da manhã, com o BCE e, sobretudo, pela compra de importadores, que aproveitaram o preço baixo", comentou o operador da Spinelli, José Carlos Amado, referindo-se ao Banco Central Europeu.
Em entrevista depois do encontro de política monetária, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que não foi discutido aumentar os estímulos monetários na reunião desta manhã, o que ajudou a pressionar a moeda norte-americana.
Durante a tarde, o dólar voltou a trabalhar pressionado, abandonando a queda que predominou por mais tempo nesta quinta-feira e que vem sendo bancada pela perspectiva de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve elevar os juros da maior economia do mundo tão cedo, mantendo a atratividade aos investidores globais de outros mercados que oferecem maiores rendimentos, como o Brasil.
Na véspera, o Fed divulgou seu Livro Bege e informou que a economia dos Estados Unidos expandiu a um ritmo modesto em julho e agosto, mas que havia poucos sinais de que as pressões salariais estão sendo sentidas além dos postos de trabalho altamente qualificados.
Durante a manhã, foi divulgado que o número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, indicando força sustentada do mercado de trabalho, mesmo com o ritmo de crescimento desacelerando.
"A tendência natural do dólar é de queda por causa do Fed e temos visto fluxo de entrada de recursos no país, mas movimentos pontuais, como o de importadores nesta manhã, acabam dando sustentação à moeda", comentou o diretor de operações da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.
No fronte interno, a queda da moeda norte-americana ante o real também foi favorecida pela notícia de que o governo de Michel Temer vai encaminhar a proposta de reforma da Previdência até o final do mês, antes das eleições municipais, considerada um dos principais pontos para colocar as contas públicas do país em ordem.
Por outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou como "inócua" a proposta, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, argumentando que ela somente dar entrada na Casa no início de outubro mesmo.
O Banco Central realizou pela manhã nova oferta de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.