Dólar: "Com os Estados Unidos remunerando melhor e nosso juro em trajetória de queda, os gestores privilegiam segurança ao rendimento" (leviticus/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 2 de março de 2017 às 17h36.
São Paulo - O dólar fechou a quinta-feira com alta de quase 2 por cento, voltando a 3,15 reais e no maior patamar em um mês, acompanhando a valorização da moeda norte-americana sobre outras divisas no exterior em meio às apostas crescentes de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode elevar os juros em breve.
O dólar avançou 1,88 por cento, a 3,1513 reais na venda, maior nível desde 27 de janeiro passado, quando fechou em 3,1520 reais.
Na máxima da sessão, o dólar marcou 3,1552 reais. O dólar futuro registrava alta de cerca de 1,90 por cento no final da tarde.
"Com os Estados Unidos remunerando melhor e nosso juro em trajetória de queda, os gestores privilegiam segurança ao rendimento", afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Nos últimos dias, dirigentes do Fed deram declarações sinalizando que a autoridade monetária pode elevar as taxas de juros do país neste mês.
Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, as apostas indicavam cerca de 80 por cento de chances de o Fed elevar os juros em 0,25 ponto percentual na sua próxima reunião, nos dias 14 e 15 de março.
Juros elevados podem atrair à maior economia do mundo recursos hoje aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira, pressionando as cotações do dólar.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas, o iene e outras moedas de países emergentes, como o peso mexicano e rand sul-africano.
No dia seguinte, a chair do Fed, Janet Yellen, fará discurso 15:00 (horário de Brasília) durante evento em Chicago, e investidores vão buscar pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária.
Os investidores locais também estavam de olho no Banco Central brasileiro que, apesar do salto do dólar agora, continuou sem anunciar intervenção no mercado de câmbio.
Em abril, vencem o equivalente à 9,711 bilhões de dólares em swaps tradicionais, equivalente à venda futura de dólares, e operadores se questionavam se o BC rolará, mesmo que parcialmente, esses contratos.
"O BC pode repetir a estratégia do mês passado e só rolar parcialmente o vencimento", comentou um operador de câmbio de uma corretora local.
A cena política local também pesava sobre os mercados, com o depoimento da véspera do empresário Marcelo Odebrecht confirmando um jantar com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, onde foi tratado contribuições para a campanha do então vice-presidente, mas garantiu que o tema foi abordado "de forma genérica" e não houve pedido de doação direto feito por Temer.
"O mercado está monitorando o político e isso pode criar um ambiente para uma corrida ao dólar. Na dúvida, durma comprado", afirmou Silva, da Correparti.