Dólar: "O mercado piorou quando saiu notícia dizendo que Trump passou à frente de Hillary" (Karen Bleier/AFP)
Reuters
Publicado em 1 de novembro de 2016 às 17h23.
São Paulo - O dólar saltou mais de 1,5 por cento e encostou no patamar de 3,25 reais nesta terça-feira, pressionado pelos temores com a eleição norte-americana e antes do encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
O dólar avançou 1,61 por cento, a 3,2412 reais na venda, depois de bater 3,2552 reais na máxima do dia. Com o resultado deste pregão, a baixa de 1,90 por cento da moeda norte-americana acumulada em outubro foi praticamente anulada.
O dólar futuro operava com alta de cerca de 1,7 por cento no final desta tarde.
"O mercado piorou quando saiu notícia dizendo que o (candidato republicano Donald) Trump passou à frente de Hillary (Clinton, democrata) nas pesquisas de intenção de voto", comentou o analista de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Marcos Jamelli.
Desde que o FBI anunciou que vai investigar emails pessoais de Hillary enquanto era secretária de Estado, a candidata democrata à Presidência dos EUA vem perdendo força na corrida eleitoral. A eleição está marcada para o próximo dia 8.
Pesquisa da ABC/Washington Post mostrou o republicano 1 ponto percentual à frente da democrata. Em outro levantamento feito na véspera, da Reuters/Ipsos, Hillary havia diminuído a diferença para Trump, mas ainda liderava a disputa com 5 por cento de diferença.
O peso mexicano, um dos mais sensíveis nessa pesquisa por conta da postura radical de Trump com relação aos imigrantes, passou o dia com forte queda ante o dólar.
"Amanhã tem Fed e estaremos de folga. E agora surge esse aperto nas pesquisas de intenção de voto nos EUA", emendou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora, referindo-se ao feriado do Dia de Finados e que manterá os mercados brasileiros fechados.
Na quarta-feira, o Fed não deve mudar a taxa de juros, mas se prepara para um cenário de alta em dezembro em meio a sinais de que a economia está acelerando.
O Fed tem elevado cada vez mais a confiança sobre alta dos juros e sua chair, Janet Yellen, disse em setembro que uma mudança antes do final do ano era provável se o emprego e a inflação continuassem a se fortalecer.
As chances de novo aperto monetário em dezembro estavam em 78 por cento, segundo o FedWatch do grupo CME. Atualmente, a taxa de juros dos EUA está entre 0,25 e 0,50 por cento.
Eventual aumento nos juros na maior economia do mundo tende a atrair recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro, o que poderia pressionar o câmbio local.
"Acho que o Fed não vai trazer novidade em termos de juros, mas a reunião traz cautela", comentou pela manhã o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Operadores também ressaltaram o fato de que, na noite passada, terminou o prazo para regularização de ativos brasileiros no exterior, o que vinha contribuindo para puxar o dólar para baixo nos últimos pregões.
O governo conseguiu arrecadar 50,9 bilhões de reais com multas e impostos, o equivalente à regularização de 169,9 bilhões de reais em ativos.
O BC vendeu nesta manhã o lote integral de 5 mil contratos em swap cambial reverso, equivalente à compra futura de moeda.