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Dólar comercial fecha acima dos R$ 5 pela 1ª vez na história

Banco Central americano voltou a agravar pânico sobre efeitos econômicos do coronavírus, após novo corte emergencial de juros

Dólar: avanço do surto no Brasil também põe em risco a economia do país (Adam Gault/Getty Images)

Dólar: avanço do surto no Brasil também põe em risco a economia do país (Adam Gault/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2020 às 09h10.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 17h50.

São Paulo — O dólar comercial, referência nas transações entre empresas e bancos, fechou, pela primeira vez, cotado acima dos 5 reais. Nesta segunda-feira, 16, a moeda americana disparou 4,86% e encerrou em 5,0467 reais. O dólar turismo teve valorização de 4,175%, para 5,24 reais. 

A forte alta ocorreu depois de o Federal Reserve (Fed), banco central americano, cortar sua taxa de juro para zero na noite de domingo (15), sinalizando grande preocupação com os efeitos negativos da pandemia do coronavírus Covid-19 sobre a economia dos Estados Unidos e mundial.

No mercado financeiro do mundo inteiro, o anúncio do Fed, que antecipou a reunião de seu comitê de política monetária de amanhã e quarta para ontem, disparou mais uma onda de pânico. Jason Vieira, economista-chefe da Inifity Asset, definiu a medida como "atropelada". "Se tivessem feito isso na quarta-feira (18), não teria gerado esse pânico todo", comentou.

O Banco Central brasileiro, cujo comitê de política monetária tem reunião agendada para amanhã e quarta-feira, também está sendo pressionado a cortar a taxa básica Selic. Para o banco de investimento suíço UBS, a autoridade monetária brasileira precisava agir ainda nesta segunda e diminuir a taxa em 1 ponto percentual, para 3,25% ao ano. A perspectiva de corte de juros no Brasil também impulsiona o dólar hoje, já que, com retornos menores na renda fixa, investidores estrangeiros podem sair do país para aplicar seus recursos em países considerados mais seguros.

Embora o corte de juros na economia americana, em teoria, enfraqueça o dólar, a maior aversão a risco tende a fazer o dólar se fortalecer ante as divisas de países emergentes. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a moedas de mercados desenvolvidos, caía 0,71% no fim desta tarde.

"O corte de juros pelo Fed deu uma perspectiva muito ruim para o futuro", diz Vanei Nagem, analista de câmbio da corretora Terra Investimentos. "Não dá para dimensionar o tamanho da crise."

O avanço do surto no Brasil também preocupa o mercado. Ontem, o Ministério da Saúde informou que o número de casos confirmados de infectados pelo Covid-19 no país subiu de 121 para 200. "O aumento da contaminação pode afetar o real. Se houver risco de abastecimento, um colapso do sistema de saúde, tudo isso conta. Se as empresas começarem a colocar os trabalhadores de quarentena, há o risco de abalar as linhas de produção também”, afirma Nagem.

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