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Dólar salta 6,18% em novembro, maior alta em mais de um ano

O dólar recuou 0,25%, a 3,3873 reais na venda, depois de bater 3,3761 reais na mínima do dia e 3,4078 reais na máxima

Dólar: na cena externa, os mercados financeiros foram influenciados pelo salto nos preços do petróleo, em torno de 10% (leviticus/Thinkstock)

Dólar: na cena externa, os mercados financeiros foram influenciados pelo salto nos preços do petróleo, em torno de 10% (leviticus/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 18h26.

São Paulo - O dólar fechou em baixa ante o real nesta quarta-feira, favorecido pela aprovação com folga da PEC do teto dos gastos no Senado e pelo salto nos preços internacionais do petróleo, mas encerrou novembro com a maior alta mensal em mais de um ano, diante da forte onda de aversão ao risco que varreu os mercados com a eleição norte-americana.

O dólar recuou 0,25 por cento, a 3,3873 reais na venda, depois de bater 3,3761 reais na mínima do dia e 3,4078 reais na máxima. O dólar futuro cedia cerca de 0,15 por cento no final da tarde.

Neste mês, a moeda norte-americana acumulou valorização de 6,18 por cento, a maior alta mensal desde setembro de 2015 (+9,33 por cento), após a surpreendente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e que levou o Banco Central brasileiro a atuar mais fortemente no mercado de câmbio durante um tempo.

O Senado aprovou com folga --61 votos a favor, ante os 49 mínimos necessários-- a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto dos gastos públicos, dando importante sinalização depois da crise política que respigou no presidente Michel Temer na semana passada, que culminou com a demissão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, acusado de tentar usar a força política do Palácio do Planalto para interesses pessoais.

A moeda norte-americana oscilou entre leves altas e baixas pela manhã alimentada pela formação da Ptax, taxa do Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais, de novembro.

Passado o fechamento, o dólar manteve trajetória de baixa ajudada por algum ingresso de recursos por parte de estrangeiros, comentaram profissionais.

Na cena externa, os mercados financeiros foram influenciados pelo salto nos preços do petróleo, em torno de 10 por cento, depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter fechado acordo sobre um corte da produção.

Com o fim do mês, o mercado se perguntava qual será a estratégia do BC para os swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, que vencem em janeiro, equivalente a 5 bilhões de dólares.

Em novembro, o BC rolou os contratos que vencem no dia 1º de dezembro.

"Acho que ao longo de dezembro o BC vai rolar os swaps. É muito importante ele ter bala na agulha e margem de manobra para o que vem pela frente", disse o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.

Um experiente profissional da mesa de câmbio comentou, no entanto, que caso o dólar "se comporte" neste último mês do ano, há espaço para o BC ficar quieto. "Mas é preciso ver um dia de cada vez", concluiu.

Pelo sexto pregão seguido, o BC não anunciou intervenção no mercado de câmbio nesta quarta-feira.

Para dezembro, entre outras coisas, o mercado aguardará o desfecho do encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano, com as apostas praticamente unânimes de que haverá aumento de juros.

"Esta alta já foi precificada no câmbio, mas o mercado está de olho na composição e novidades do governo Trump. Por ora, acho que o câmbio está bem precificado", resumiu um profissional da mesa de câmbio que prefere não se identificar.

Os investidores temem que o governo de Trump adote uma política econômica mais expansionista, o que obrigaria o Fed a elevar ainda mais os juros, aumentando o potencial de atração de recursos hoje aplicados em países como o Brasil para a maior economia do mundo.

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