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Dólar salta 1,71% sobre o real com Lula, após manifestações

Moeda teve maior alta em quase um mês e fechou a 3,65 reais com rumores sobre Lula assumir ministério


	Dólar: alta de quase 2 por cento no dia atenunou o movimento de forte queda no mês que vinha sendo registrado até então.
 (Karen Bleier/AFP)

Dólar: alta de quase 2 por cento no dia atenunou o movimento de forte queda no mês que vinha sendo registrado até então. (Karen Bleier/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 17h35.

São Paulo - O dólar subiu 1,71 por cento frente ao real nesta segunda-feira, acelerando os ganhos no fim da sessão, com ruídos sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir um ministério no atual governo, o que poderia tirar força de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, segundo operadores.

O dólar avançou 1,71 por cento, a 3,6524 reais na venda, maior alta desde 16 de fevereiro (+1,86 por cento), após ter acumulado queda de 10,30 por cento no mês até a véspera.

"Goste ou não (de Lula), ele tem sempre uma carta na manga", disse o especialista em câmbio da Icap corretora, Ítalo Abucater, referindo-se à força política de Lula, que poderia ajudar o governo.

O jornal Folha de S.Paulo publicou em seu site nesta tarde que a presidente Dilma aguarda um telefonema de Lula confirmando que ele aceita ser ministro de seu governo.

"Isso seria uma manobra de proteção para blindar o Lula de uma possível prisão... Esse governo está fazendo uma manobra que pode até ser legal, mas não é moral", disse o operador de câmbio da Correparti Corretora Jefferson Luiz Rugik.

As manifestações de domingo levaram cerca de 3 milhões de pessoas às ruas e antecedem a retomada da análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre recursos apresentados pela Câmara dos Deputados contra o rito do impeachment definido pelos ministros do STF, marcada para quarta-feira. Durante o protesto, políticos da oposição também foram hostilizados pelos manifestantes.

"Vimos que população não tem nenhum nome para substituir o governo do PT. A oposição foi vaiada (nas manifestações) e fica a interrogação sobre quem seria a substituição ao governo", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João Paulo de Gracia Correa.

Ainda no fim de semana, houve a convenção nacional do PMDB, na qual o partido anunciou que em até 30 dias irá avaliar pedidos de saída do governo ou pelo menos a declaração de independência das bancadas no Congresso. De modo geral, o mercado financeiro reage bem às notícias que possam alimentar as chances de afastamento da presidente Dilma, o que poderia abrir caminho para mudanças na atual política econômica, muito criticada pelos investidores. No entanto, parte desses especialistas acredita que a mudança de governo pode tornar ainda mais difíceis as mudanças na economia, devido à turbulência política.

"O Brasil continua na onda do otimismo com o impeachment, mas nós alertamos que esse otimismo provavelmente é exagerado", disseram os analistas da BBH, em nota a clientes.

No cenário externo, o mercado aguardava ainda a decisão do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, sobre política monetária na quarta-feira. Eventual aumento de juros nos EUA pode levar a saída de dólares de países considerados menos seguros, como o Brasil.

"O mercado está começando a precificar um Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) um pouco menos dovish", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta, acrescentando que a expectativa ainda é de manutenção dos juros nesta reunião.

Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps com venda integral dos 9,6 mil contratos que vencem em abril. Até o momento, o BC já rolou 4,601 bilhões de dólares, ou cerca de 46 por cento do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.

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