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Dólar registra menor cotação em relação ao iene em 15 anos

Moeda americana fechou em 84,14 ienes, aumentando a pressão sobre o governo japonês para tomar medidas que mantenham a recuperação econômica

Governo japonês investe pouco no controle cambiário - não há intervenção desde 2004 (AFP)

Governo japonês investe pouco no controle cambiário - não há intervenção desde 2004 (AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2010 às 10h48.

Tóquio - O dólar caiu nesta terça-feira a 84,14 ienes, o menor nível dos últimos 15 anos ante a moeda japonesa, em meio a um crescente temor a respeito da solidez da reativação econômica mundial e a falta de medidas concretas do governo japonês para conter sua moeda.

O dólar teve uma brusca queda em níveis jamais vistos desde 1995 depois das declarações do ministro japonês das Finanças, Yoshihiko Noda, nas quais assinalou que o governo não atuará a curto prazo para desvalorizar a moeda japonesa.

O euro também se debilitou frente à divisa japonesa, sendo cotado a 106,1 ienes, o que não acontecia há quase nove anos.

A força do iene afetou a Bolsa de Tóquio, cujo índice Nikkei cedeu nesta terça-feira 121,55 pontos (-1,33%) e fechou pela primeira vez desde maio de 2009 abaixo dos 9.000 pontos, a 8.995,14 unidades.

O iene não deixou de subir devido à pouca disposição do governo japonês para intervir neste tipo cambiário, algo que não faz desde 2004.

O ministro Noda reiterou nesta terça-feira que o governo "miraria os movimentos dos mercados com grande interesse e os seguiria muito cuidadosamente", sem querer fazer comentários sobre a possibilidade de uma intervenção.

"As declarações de Noda não fazem mais que jogar lenha na fogueira. As advertências verbais já não servem para nada e não seria surpreendente que o dólar cainha a 83 ienes a qualquer momento", analisou o especialista Daisuke Karakama, do Mizuho Corporate Bank.

"As pressões do mercado sobre as autoridades japonesas vão continuar até que se lance uma ação concreta", acrescentou.


Na mesma sintonia, Susumu Kato, de uma filial japonesa do Credit Agricole, assinalou que "o mercado pede agora que o governo e o Banco de Japão atuem de forma coordenada".

Estas declarações acontecem em meio a temores cada vez maiores sobre a saúde da economia japonesa, já que as exportações se veem prejudicadas pelo iene elevado que tira a competitividade em nível mundial das grandes companhias japonesas.

Durante a última grande alta do iene há 15 anos, as empresas japonesas tinham margem para se reestruturar e diminuir seus gastos, mas, nesta ocasião, se encontram contra a parede pelo ajuste efetuado durante a crise financeira e econômica mundial 2008-2009.

"Pessoalmente, não gosto da ideia de uma intervenção direta no mercado cambial, mas o governo deve agir para deter o nervosismo atual", declarou o presidente da Bolsa de Tóquio, Atsushi Saito.

Mas a compra maciça de dólares e a venda de ienes para inverter a tendência atual só terá um efeito fugaz e limitado, segundo os especialistas.

Enquanto os Estados Unidos e a Europa podem deixar que sua moeda se desvalorize, o Japão só pode intervir com muitas dificuldades de forma unilateral, de acordo com os especialistas.

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