Mercados

Dólar reduz queda ante real com fluxo de compra

"O cenário segue incerto, internamente com as eleições e, externamente, com a tensão comercial", afirmou Bruno Foresti, do Ourinvest,

Dólar: Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão (Dado Ruvic/Reuters)

Dólar: Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão (Dado Ruvic/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 5 de abril de 2018 às 09h22.

Última atualização em 5 de abril de 2018 às 16h24.

São Paulo - Depois de ir abaixo de 3,30 reais e atrair compradores, a queda do dólar perdia força nesta quinta-feira com o mercado voltando a ficar temeroso com a cena política local mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) dificultar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano.

Às 12:40, o dólar recuava 0,56 por cento, a 3,3220 reais na venda, depois de marcar a mínima de 3,2962 reais no dia, com queda de 1,34 por cento. O dólar futuro rondava a estabilidade.

"O cenário segue incerto, internamente com as eleições e, externamente, com a tensão comercial", afirmou o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.

Por 6 votos a 5, o STF rejeitou no início desta madrugada o pedido de habeas corpus preventivo de Lula, decisão que deixa o petista mais próximo de ser preso após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em segunda instância.

Agora, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) está livre para decretar a ordem de detenção, embora seja possível que espere novo embargo de declaração. O prazo final para apresentação desse novo recurso é o dia 10 de abril.

"Embora os mercados estejam propensos a dar as boas-vindas à notícia (do STF), há razões para avaliar que qualquer rali será limitado", afirmou mais cedo o economista para América Latina da Capital Economics (CE), Edward Glossop, em relatório.

Isso porque Lula, considerado pelos mercados financeiros um candidato menos comprometido com o ajuste fiscal, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais deste ano e, mesmo que não concorra, pode atuar como forte cabo eleitoral.

"Uma vez que a poeira assente, os mercados brasileiros tendem a se concentrar no fato de que os candidatos pró-mercado ainda enfrentam uma luta difícil na corrida eleitoral", acrescentou Glossop.

A queda menor do dólar frente ao real também vinha do baixo preço, que atraiu compradores. No pregão da véspera, a moeda norte-americana chegou a 3,3691 reais e, nesta sessão, foi abaixo de 3,30 reais.

"Da mesma forma que 3,37 reais atraíram vendedores, 3,30 reais atraíram compradores", afirmou o profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.

No exterior, o dólar atingiu a máxima de duas semanas ante uma cesta de moedas, impulsionado pela recuperação em Wall Street e sinais de que os Estados Unidos estão tentando resolver a disputa comercial com a China. O dólar também subia ante a maioria das divisas de países emergentes.

Essa percepção ganhou força depois que assessor econômico do presidente Donald Trump disse que o governo norte-americano estava negociando com a China, não se envolvendo em uma guerra comercial.

O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em maio, vencem 2,565 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.

 

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDólarLuiz Inácio Lula da SilvaSupremo Tribunal Federal (STF)TRF4

Mais de Mercados

Reunião de Lula e Haddad e a escolha de Scott Bessent: os assuntos que movem o mercado

Do dólar ao bitcoin: como o mercado reagiu a indicação de Trump para o Tesouro?

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3