Mercados

Dólar reduz alta após Fed, mas segue acima de R$ 4,05 com eleição

Nesta tarde foi divulgada a ata do FED, pela qual foi informado que seus membros discutiram elevar a taxa de juros nos EUA em breve

Dólar: no cenário interno, investidores estão preocupados com as eleições (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: no cenário interno, investidores estão preocupados com as eleições (Gary Cameron/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 16h14.

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu a alta ante o real nesta quarta-feira, mas mantinha-se acima do patamar de 4,05 reais, com os investidores respirando mais aliviados após o banco central dos Estados Unidos reforçar a indicação que continuará subindo os juros de forma gradual, movimento que influencia o fluxo de capital global.

O avanço da moeda norte-americana já foi bem mais forte nesta sessão por conta da cautela dos investidores com o cenário eleitoral local, após recentes pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial mostrarem cenário difícil ao candidato que mais agrada ao mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), e a possibilidade de segundo turno com a participação do PT.

Às 15:59, o dólar avançava 0,63 por cento, a 4,0627 reais na venda, depois de ter fechado na véspera no patamar de 4 reais pela primeira vez desde fevereiro de 2016, na quinta sessão consecutiva de alta.

O maior patamar de fechamento do dólar foi batido em 21 de janeiro de 2016, quando foi a 4,1655 reais. Na máxima deste pregão, a moeda norte-americana já tocou 4,0917 reais.

O dólar futuro subia cerca de 0,30 por cento.

"Depois da esticada, é natural o dólar se acomodar um pouco. O Fed foi desculpa para algum ajuste", afirmou o operador de câmbio de uma corretora local.

Nesta tarde foi divulgada a ata do Federal Reserve, pela qual foi informado que seus membros discutiram elevar a taxa de juros nos Estados Unidos em breve para conter a força econômica, mas também analisaram como as disputas comerciais globais podem prejudicar as empresas e as famílias.

Até agora, o Fed já elevou a taxa de juros duas vezes neste ano e os agentes econômicos acreditam que outras duas altas ocorrerão neste ano diante da força econômica do país.

Assim, os juros futuros norte-americanos precificavam 95 por cento de chance de alta dos juros em setembro e 65 por cento em dezembro, segundo o CME Group, apostas inalteradas.

No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

Juros mais altos têm potencial de atrair à maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.

No Brasil, o dólar subia pela sexta sessão seguida fente ao real, influenciado pelo cenário eleitoral em aberto.

"As pesquisas, no geral, não mostram muitas divergências... Estamos num contexto em que Alckmin não decola", afirmou o analista-chefe da corretora Rico Investimentos, Roberto Indech.

Pesquisa Datafolha mostrou que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, lidera a corrida presidencial com 22 por cento das intenções de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece na disputa, seguido por Marina Silva (Rede), com 16 por cento. Neste cenário, Alckmin tem 9 por cento.

Na semana, pesquisas da CNT/MDA e Ibope já haviam mostrado quadro semelhante, que acabou estressando os mercados e levando o dólar ao patamar de 4 reais.

No cenário do Datafolha em que Lula aparece como candidato, o ex-presidente lidera com 39 por cento de apoio e 48 por cento dos entrevistados não votariam em um candidato apoiado por Lula, mas que 31 por cento disseram que votariam com certeza e 18 por cento, talvez.

"A leitura mais plausível segue de iminente segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad", trouxe a corretora H.Commcor em relatório, ao acrescentar que, se esse cenário se concretizar, "Bolsonaro será alvo da torcida do mercado financeiro, especialmente pelo economista Paulo Guedes (coordenador do programa econômico do militar na reserva)".

A disparada do dólar já alimentava avaliações sobre eventual atuação maior do Banco Central no mercado de câmbio mas, por ora, a leitura era de que ainda é cedo para esse movimento.

"Acho que ele deve aguardar um pouco, por causa de notícias externas e internas. É uma foto do momento em cima de pesquisa eleitoral", avaliou Indech, da Rico Investimentos.

Por enquanto, é isso que o BC está fazendo e, nesta sessão, apenas ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 3,84 bilhões de dólares do total de 5,255 bilhões de dólares que vence em setembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Acompanhe tudo sobre:DólarDólar comercialEleiçõesEleições 2018Fed – Federal Reserve SystemMercado financeiro

Mais de Mercados

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA