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Dólar cai em meio a otimismo com conversas sobre estímulos nos EUA

Câmara americana só deve aceitar socorro às áreas, caso faça parte de um pacote econômico mais amplo

Dólar cai 0,62% e encerra sendo vendido a 5,588 reais (Gary Cameron/Reuters)

Dólar cai 0,62% e encerra sendo vendido a 5,588 reais (Gary Cameron/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 09h42.

Última atualização em 8 de outubro de 2020 às 17h33.

O dólar caiu 0,62% nesta quinta-feira, 8, e encerrou sendo vendido a 5,588 reais. O movimento acompanhou a desvalorização da moeda americana contra as principais divisas emergentes, com o maior apetite ao risco por parte dos investidores. Como pano de fundo das negociações estiveram conversas sobre um novo estímulo nos Estados Unidos e uma melhora da percepção dos investidores sobre o candidato democrata Joe Biden.

Depois de novas conversas com o secretário do Tesouro americano, a presidente da Câmara democrata, Nancy Pelosi, afirmou que não aceitará dar mais incentivos econômicos às companhias aéreas desmembrada de um pacote de estímulo mais robusto. Uma ajuda financeira ao setor foi um pedido do presidente Donald Trump feito há dois dias, poucas horas após suspender as conversas sobre estímulos entre sua equipe e líderes democratas.

Apesar de mais um entrave nas negociações, o mercado acredita que é apenas uma questão de tempo para que novos estímulos sejam feitos. A expectativa é de que, caso o candidato democrata Joe Biden seja eleito, os incentivos fiscais sejam ainda maiores do que em um possível segundo governo Trump.

Amplamente a frente nas pesquisas eleitorais, o nome de Joe Biden começa a ser melhor aceito pelos investidores, tradicionalmente favoráveis a candidatos republicanos. “O mercado está começando a digerir melhor. Agora, o medo é de que a vitória de Biden seja apertada, o que possibilitaria questionamentos por parte de Trump. Se ele ficar muito a frente, a chance de isso acontecer é menor”, afirma Pedro Lang, diretor de renda variável da Valor Investimentos.

No radar dos investidores também estão os pedidos semanais de desemprego dos Estados Unidos, que ficaram levemente piores que o esperado, em 840.000 ante a expectativa de 820.000. Mas, como os números da semana anterior foram revisados de 837.000 para 849.000, os dados desta semana foram os melhores desde o início dos impactos da pandemia no mercado de trabalho americano.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou as vendas do varejo de agosto, que tiveram o quarto mês de recuperação consecutiva. A alta mensal foi de 3,4% contra o crescimento esperado de 3,1%. No entanto, a alta anual decepcionou, ficando em 6,1%, ante as estimativas de um aumento de 7%.

Apesar da queda do dólar, a questão fiscal no radar do mercado local, após notícias sobre a possibilidade de o auxílio emergencial ser estendido para até junho do ano que vem. A informação foi negada pelo ministro Paulo Guedes, mas a dúvida permanece entre os investidores. “O mercado não é bobo. Sabe que onde há fumaça, há fogo”, afirma Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

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