Dólar: logo após a abertura, o dólar bateu a máxima ante o real, em alta de 1,22 por cento, a 3,7855 reais, sob influência externa (Sertac Kayar/Reuters)
São Paulo - O dólar abandonou a trajetória de alta do período matutino e passou a operar com leves oscilações ante o real, com um movimento de correção que colocou o Brasil na contramão do exterior, onde predominava a aversão ao risco por causa do recrudescimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China após nova ameaça de mais tarifas comerciais pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e retaliação de Pequim.
Às 12:40, o dólar recuava 0,23 por cento, a 3,7315 reais na venda, depois de terminar a véspera em alta de 0,27 por cento, a 3,74 reais. Na mínima, a moeda foi a 3,7248 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,49 por cento.
"Passou a histeria. Mercado sabe que o BC está atuando, deu uma acomodada", comentou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Os profissionais das mesas não viram uma justificativa para a correção do dólar num dia de grande nervosismo no mercado internacional. Citaram, além da forte alta recente da moeda, zeragem de algumas posições compradas bem como o ajuste em baixa da curva de juros para a possível manutenção da Selic em 6,50 por cento no dia seguinte.
Logo após a abertura, o dólar bateu a máxima ante o real, em alta de 1,22 por cento, a 3,7855 reais, sob influência externa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifa de 10 por cento sobre 200 bilhões em bens chineses e Pequim alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O Ministério do Comércio da China disse que Pequim vai reagir com medidas "qualitativas" e "quantitativas" se os EUA publicarem uma lista adicional de tarifas sobre bens chineses.
O aumento da retórica entre os dois países trouxe um forte movimento de aversão ao risco que içou o dólar ante a grande maioria das moedas no exterior, subindo ante a cesta e ante divisas de emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
"A China teria de impor tarifas sobre tudo o que comprasse dos EUA para manter essa resposta na mesma medida. Mas ela tem outras ferramentas que poderia usar, incluindo pressionar diretamente as empresas norte-americanas que operam na China", afirmou a empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics (CE) em relatório.
O mercado também trabalhava sob a expectativa de atuação do Banco Central por meio de swaps cambiais tradicionais - equivalentes à venda futura de dólares.
Na véspera, o BC fez apenas um leilão de novos contratos de swap cambial, com 20 mil contratos, injetando 1 bilhão de dólares no sistema. A autoridade prometeu 10 bilhões de dólares em novos contratos de swap até sexta-feira, podendo ajustar a oferta.
Nesta sessão, o BC ainda não anunciou qualquer intervenção excepcional. Fez apenas o leilão de swap para rolagem, no qual vendeu integralmente a oferta de até 8.800 contratos, já rolando 5,720 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.