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Dólar mantém tendência de queda e cai para R$ 5,12. Veja o que esperar

Com juro real na casa de 6% a 7%, operadores apontam que há sustentação para valorização do real, mas indicam cautela no cenário

Dólar já caiu 8% em relação ao real neste início de 2022 | Foto: GettyImages (halduns/Getty Images)

Dólar já caiu 8% em relação ao real neste início de 2022 | Foto: GettyImages (halduns/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 19h42.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2022 às 20h24.

O dólar continua sua trajetória de queda: caiu 1% e fechou nesta quarta-feira, dia 16, na menor cotação em seis meses e meio, negociado a R$ 5,128 para venda no mercado de câmbio no Brasil.

É o menor patamar desde 29 de julho do ano passado (R$ 5,0795). A moeda ficou em baixa ao longo de todo o dia. Em três sessões consecutivas de baixa, o dólar perdeu 2,17%. Em fevereiro, a queda é de 3,33%, enquanto no acumulado de 2022 já atinge 7,98%.

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Operadores continuaram a reagir a uma melhora global de ativos de risco. Nesta quarta, o movimento de queda do dólar ganhou força com a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, o Fed, que não trouxe novidades no cenário precificado pela maior parte do mercado quanto ao aumento da taxa de juro na reunião de março.

A manutenção do tom do banco central americano deu mais fôlego a um movimento já em curso de fluxos de capital ao Brasil e que mais cedo já havia deixado o real entre as divisas com melhor performance no dia, mesmo quando pares emergentes perdiam valor.

Um profissional da área de câmbio de um banco avaliou a ata do FOMC como "sem grandes novidades" e afirmou que os benefícios da combinação entre a tônica do Fed, commodities com cotações em alta e vencimentos de contratos de opção e futuros na B3 se refletiram em aumento de liquidez na bolsa e queda do dólar pelo fluxo.

As vendas de dólar aceleraram na parte da tarde também em meio a um noticiário interno visto como benigno. O Ministério da Economia disse à Reuters que o governo estuda isentar estrangeiros que investem em títulos privados do pagamento de imposto de renda sobre seus ganhos de capital, medida que poderia atrair, assim, mais dólares.

A possibilidade de que mudanças na tributação dos combustíveis em discussão no Congresso tenham menor amplitude, como deseja o ministro da Economia, Paulo Guedes, também um tema foi comentado nas mesas de operação, que seguem a minimizar risco de cenários extremos independentemente do desfecho eleitoral.

Real é destaque mundial

O real tem o melhor desempenho global tanto no mês quanto no ano. A virada no juro real brasileiro que está positivo em cerca de 6,8% (calculado pela taxa do swap DI x Pré menos IPCA em 12 meses previsto pelo mercado no boletim Focus), depois de fechar 2021 negativo em 5,2% tem sido o guia para a liderança da moeda doméstica.

A perspectiva melhor já leva inclusive a cenários de maior emissão de títulos denominados em reais e voltados para investidores de varejo do Japão, de quem o real no passado já foi a menina dos olhos.

"Acreditamos que os títulos uridashi denominados em real têm potencial para atrair fluxos de investimento novamente daqui para a frente devido aos recentes aumentos nos juros reais e ao desempenho superior do real, principalmente porque a lira turca parece fora da lista de favoritas", afirmaram estrategistas do Barclays em relatório.

Os uridashis são liquidados em ienes; portanto, quando a moeda de juro alto na qual o título é emitido se desvaloriza, o investimento pode sofrer prejuízo. Desde as mínimas de dezembro, no entanto, o real saltou quase 14% frente à divisa japonesa, o que significa perspectivas de ganhos para os investidores e explica a atratividade.

O que esperar nas próximas semanas

Com a nova queda do dólar, algumas medidas de indicadores técnicos ficaram ainda mais esticadas. O índice de força relativa de 14 dias (IFR-14) que mede quão fora de padrão está o movimento de preço de um ativo financeiro caiu para 24,9 nesta quarta, menor patamar desde outubro de 2018. Leituras abaixo de 30 costumam apontar que o preço do ativo (no caso, o dólar) está excessivamente baixo, o que poderia estimular alguma correção para cima.

Ao longo da última década, o IFR-14 operou nos patamares atuais apenas em outras cinco ocasiões em quatro delas, o dólar entrou em rota ascendente em seguida ou poucas semanas depois de cair a esses níveis mínimos.

(Com a Redação)

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