Dólar: menor valor em 3 meses. (Hafidz Mubarak/Reuters)
Tais Laporta
Publicado em 21 de junho de 2019 às 17h40.
Última atualização em 21 de junho de 2019 às 17h47.
O dólar terminou a semana no menor valor em três meses, negociado a R$ 3,8239. A moeda recuou 0,68%, em dia de fraqueza no resto do mundo, com o mercado ainda reagindo à expectativa de que um futuro corte de juros nos Estados Unidos possa melhorar o fluxo de recursos global.
A última vez que o dólar fechou abaixo da cotação de hoje foi no dia 21 de março passado , quando foi a R$ 3,8001. No acumulado da semana, a moeda perdeu 1,93% frente ao real. É a quarta queda semanal do dólar nas últimas cinco semanas.
O Federal Reserve sinalizou nesta semana prontidão para reduzir o juro básico nos EUA, como forma de proteger a economia de impactos negativos decorrentes da guerra comercial travada entre Washington e Pequim.
Juros mais baixos nos EUA melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados de maior risco, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, por exemplo. Com isso, há aumento da oferta de dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda.
"Devido à posição já vendida em real e a potencial fraqueza adicional do dólar no mundo depois da reunião do Fed, passamos a ficar otimistas com o real", disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota.
O Morgan projeta dólar de R$ 3,80 ao fim de setembro e de R$ 3,75 no término de dezembro.
Uma das medidas da atratividade do dólar no mundo, o juro real norte-americano caiu 21 pontos-base nesta semana, para 26 pontos-base, enquanto o ouro subiu ao maior patamar desde 2013. "É um claro sinal de que a era de dólar forte (no mundo) acabou", concluíram os profissionais do Morgan.
A mediana das expectativas do mercado para o dólar é de R$ 3,80 reais ao fim de 2019 e 2020, segundo a sondagem Focus, do Banco Central.
Um dia após fechar acima dos 100 mil pontos pela primeira vez, o principal índice da bolsa brasileira renovou seu recorde histórico nesta sexta, refletindo a expectativa generalizada de cortes de juros no Brasil e no exterior, a mesma que ajudou o dólar a cair. O Ibovespa subiu 1,70%, aos 102.012 pontos. Na semana, acumulou ganho de 4,05%.
O movimento na bolsa refletiu, sobretudo, um realinhamento de preços com o exterior. Na véspera, feriado no Brasil, o índice S&P 500 bateu uma nova pontuação recorde, com impulso das expectativas de que o Federal Reserve (banco central norte-americano) reduzirá as taxas de juros dos Estados Unidos, para compensar possíveis efeitos negativos da guerra comercial do país com a China.
Na quarta, os comitês de política monetária dos Estados Unidos (Fomc) e do Brasil (Copom) mantiveram os juros, mas a leitura do mercado foi de que os dois BCs sinalizaram para uma abertura de caminho para cortes de taxas mais adiante, o que animou investidores.
A operadora da bolsa, a B3, avançou 6,31%, liderando os ganhos do índice, diante da chance de o relator da reforma da Previdência rever trecho da proposta que prevê aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, de modo a poupar a B3.
A processadora de carnes JBS subiu 3,86%. Na quarta-feira à noite, a maior produtora de carnes do mundo anunciou ter concluído o pagamento de 2,7 bilhões de reais como parte de dívidas com bancos, explicando que isso refletia a estratégia de reduzir dívidas e estender o prazo médio de pagamento. Além disso, o Barclays elevou a recomendação da ação para comprar.
As ações da fabricante de aeronaves EMBRAER avançaram 2,90%. A empresa anunciou na véspera que a holandesa KLM assinou carta para comprar 15 jatos E-195 E2, com opção para adquirir outras 20 aeronaves do tipo, numa operação de até 2,5 bilhões de dólares.
A rede de programas de fidelidade SMILES recuou 3,15%. A administradora de programas de fidelidade afirmou ter sido notificada que sua controladora, a empresa aérea Gol, pretende reajustar preços das passagens padrão e milhas. A ação da Gol perdeu 1,89%.
A estatal PETROBRAS avançou 2,76%, alinhando-se à alta de seus recibos de ações em Nova York na véspera e à valorização dos preços internacionais do petróleo , diante da forte tensão entre Estados Unidos e Irã.